Estudo coordenado por Itaipu e Embrapa orienta manejo sustentável em regiões do MS e PR
Pesquisadores analisam solos do Sul do país e revelam benefícios de práticas conservacionistas
247 - Nos últimos quatro anos, a região sul do Mato Grosso do Sul e parte do Paraná se tornaram campo de estudo para uma das mais abrangentes pesquisas sobre o comportamento dos solos em áreas de produção agropecuária. Segundo informações da Itaipu Binacional, divulgadas em comunicado oficial, as análises integram o programa Ação Integrada de Água e Solo (Aisa), que mobiliza mais de 400 profissionais em busca de soluções sustentáveis para o uso da terra, da água e a preservação ambiental. Os resultados preliminares serão apresentados nos dias 8 e 9 de abril, durante o II Workshop Aisa, em Foz do Iguaçu.
O programa envolve um amplo consórcio institucional, que inclui Itaipu Binacional, Embrapa (por meio de quatro de suas unidades), Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná), Esalq/USP e a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). Juntos, esses parceiros vêm desenvolvendo um modelo inovador de pesquisa que alia conhecimentos das ciências do solo, da água, do clima e da vegetação para orientar práticas agrícolas mais resilientes e ambientalmente responsáveis.
As pesquisas são conduzidas em municípios do sul do Mato Grosso do Sul e das regiões Oeste, Noroeste e Centro do Paraná, especialmente em bacias hidrográficas que alimentam o reservatório da usina de Itaipu. O envolvimento direto da binacional reflete seu compromisso com a conservação das áreas de contribuição hídrica e reforça o foco estratégico do programa Itaipu Mais que Energia, que atua em 35 municípios sul-mato-grossenses e em todo o Paraná.
Entre os principais objetivos do Aisa está a transferência de conhecimento técnico para produtores rurais, contribuindo com a formação de profissionais, o planejamento territorial e o desenvolvimento de políticas públicas para o manejo agrícola sustentável. O programa adota uma metodologia transversal que analisa o comportamento da água em campo, considerando diferentes tipos de solo e usos da terra.
Essa abordagem gerou um banco de dados inédito, abrangendo temas como mapeamento de solos e vegetação nativa, sistemas de produção vegetal e animal, agrometeorologia, hidrossedimentologia e hidropedologia. O cruzamento dessas informações permite que o programa atenda, simultaneamente, aos interesses do setor agropecuário e da geração hidrelétrica, promovendo benefícios mútuos.
No caso da produção de energia da usina de Itaipu, os dados permitem refinar os modelos hidrológicos usados para prever o volume de água que chegará ao reservatório com base nas chuvas. Já para os produtores rurais, os estudos apontam que práticas como rotação e diversificação de culturas, além do terraceamento agrícola, aumentam a produtividade e a lucratividade, mesmo em anos de estiagem.
Essas tecnologias conservacionistas promovem maior infiltração de água no solo, reduzem perdas de solo, fertilizantes e água por enxurradas, diminuem a evaporação pela cobertura do solo com palhada e garantem maior disponibilidade hídrica para as lavouras. Ao mesmo tempo, essas práticas favorecem o controle do assoreamento e da contaminação dos cursos d’água, protegendo o reservatório de Itaipu e seus afluentes.
Ao integrar ciência, prática agrícola e preservação dos recursos hídricos, o Aisa consolida-se como uma referência em ações de sustentabilidade territorial, com potencial de replicação em outras regiões do país. A expectativa é que, com o avanço dos estudos, os resultados do programa sirvam de base para políticas públicas voltadas à segurança hídrica e à resiliência climática da agricultura brasileira.
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