Ex-CEO da Raízen vê o etanol como bateria líquida na descarbonização do transporte
Ricardo Mussa considera os veículos híbridos flex como etapa essencial na transição energética
247 - A descarbonização do setor de transportes, responsável por cerca de 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, é peça-chave na luta contra as mudanças climáticas. Nesse contexto, os veículos elétricos são vistos como promissores, mas ainda enfrentam desafios relevantes. Em entrevista ao Money Times, o ex-CEO da Raízen e atual chair da iniciativa SB COP30, Ricardo Mussa, destacou o potencial do etanol como alternativa estratégica e defendeu o papel dos carros híbridos flex no processo de transição energética.
“A grande desvantagem do carro elétrico ainda é a bateria, isso para o custo, peso e descarte da bateria”, afirmou Mussa, apontando os obstáculos que ainda cercam a eletrificação plena da frota. “A vantagem hoje é que a bateria já existe, então é fácil de implementar. O projeto de transformar o etanol em hidrogênio, e, por consequência, ter o hidrogênio e eletricidade, é algo que eu gosto muito.”
Mussa ressalta que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) já estudam a viabilidade da conversão do etanol em hidrogênio como forma de gerar eletricidade nos veículos. Para ele, essa possibilidade uniria o melhor de duas tecnologias: a eficiência do motor elétrico e a alta densidade energética do etanol. “Você une o melhor dos dois mundos, porque a vantagem do motor elétrico é a eficiência, torque e manutenção. É tudo melhor. A desvantagem do motor elétrico é que ele necessita de uma bateria”, explicou.
Segundo o executivo, o etanol pode funcionar como uma “bateria líquida renovável”, com densidade energética muito superior à das baterias tradicionais. “A mesma quantidade de energia que existe em 600 quilos de bateria de um Tesla é o que você tem em 27 quilos de etanol”, comparou. No entanto, ele reconhece que a tecnologia de conversão ainda precisa avançar.
“Esse é um processo que ainda necessita de evolução tecnológica. Por esse motivo, o carro híbrido flex é o carro da transição energética porque ele ajuda a ter parte do benefício do motor elétrico, ainda tendo um pequeno motor a combustão e o etanol lá dentro”, avaliou.
Para Mussa, o futuro da mobilidade passa inevitavelmente pelos híbridos flex e, em seguida, pelo carro elétrico movido por energia limpa. Ele acredita que haverá evolução significativa nas baterias, com o uso de metais mais eficientes e redução de tamanho. Mas não descarta o papel estratégico do etanol. “É isso, ou a gente prova que o etanol é uma grande bateria e o processo de reforma se mostra um processo competitivo e economicamente viável”, concluiu.
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