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    “O grande regulador do clima são os oceanos, a humanidade precisa respeitar esse bioma se quiser sobreviver”, diz especialista

    Advogada Maria Gontijo discute o futuro das cidades litorâneas, as soluções que surgem nas universidades e a conscientização das próximas gerações

    Advogada Maria Gontijo e oceano Atlântico (Foto: Divulgação/ ABr)

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    Beatriz Bevilaqua, 247 - O Brasil possui uma extensão marítima de aproximadamente 8.500km e cerca de 281 municípios brasileiros estão situados nas regiões litorâneas. Quais são os desafios ambientais e socioeconômicos enfrentados pelo Brasil dentro de um contexto de mudanças climáticas? No “Brasil Sustentável” desta semana, na TV 247, a advogada e professora de direito ambiental, Maria Gontijo, esclarece várias questões relacionadas ao tema. 

    A especialista nasceu em Santos, maior complexo portuário da América Latina e um dos maiores do mundo, e viveu toda infância numa vila de pescadores, tendo tido uma conexão profunda com a natureza desde cedo. “As florestas são muito importantes, mas não são o pulmão do mundo. O grande regulador do clima no planeta são os oceanos e para que a humanidade possa sobreviver ela precisa respeitar esse bioma”, explicou. 

    De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), os oceanos foram responsáveis por absorver 91% do aquecimento do planeta, ou seja, do excesso de energia na forma de calor acumulado na atmosfera provocada pelos gases de efeito estufa.

    “Grande parte da nossa economia global gira pelo mar. Há milhares de anos, desde os fenícios e egípcios, o primeiro modal para que os seres humanos pudessem ter um intercâmbio foi justamente pelos oceanos. Ainda hoje, 90% das mercadorias do mundo são transportadas em navios e quando falamos de sustentabilidade, a poluição não vem somente do petróleo, mas também dos óleos e dos microplásticos. Nós começamos a perceber o impacto negativo que fizemos a partir dos últimos 80 anos pra cá ou até um pouco menos. Se estima que até 2050 teremos mais plásticos que peixes no mar”, disse. 

    Durante a discussão ela também falou sobre as políticas públicas, o papel do governo, mas também de cada um de nós como sociedade. “É preciso agir local e pensar global, mas a responsabilidade não é somente dos governantes, é de cada um de nós quando vai à praia e deixa ela imunda. Estamos matando a vida nos oceanos a cada vez que descartamos lixo, pois os plásticos retiram o fitoplâncton marinho que é quem gera oxigênio e vida neste bioma”, explicou.

    A entrevista também discutiu o futuro das cidades litorâneas, as soluções tecnológicas que surgem dentro das universidades brasileiras e a conscientização das próximas gerações com a educação ambiental desde o ensino básico. “A visão 100% antropocêntrica que a natureza tem que nos servir não existe mais, precisamos cuidar da nossa principal casa que é o planeta Terra. Em breve locais que existem, não existirão, algumas cidades que vivem às margens de rios e zonas sensíveis precisarão ser realocadas. Em termos de políticas públicas muita coisa tem sido feita e venho acompanhando estudos que buscam soluções dentro de todo esse contexto, mas é preciso acelerarmos as mudanças”, enfatizou.

    Assista à entrevista na íntegra:

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