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    Para Lula, transição energética é chance de o país se transformar em "celeiro renovável"

    Presidente cita investimentos em ferrovias para facilitar logística do agro, afirma ser preciso valorizar produtores e diz que Brasil liderará transição

    Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista à TV Centro América, no Palácio do Planalto (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

    247 - Um dia antes de visitar o Mato Grosso do Sul para avaliar o trabalho de combate a incêndios e o Mato Grosso para acompanhar entregas conectadas à infraestrutura e ao setor habitacional, o presidente Lula (PT) recebeu no Palácio do Planalto nesta terça-feira (30) uma equipe da TV Centro América, da Rede Matogrossense de Comunicação. 

    Na conversa com a jornalista Eunice Ramos, Lula afirmou que o Governo Federal atua intensamente para combater incêndios, desmatamento e garimpo ilegal. Ressaltou que  haverá investimentos para fortalecer a construção de ferrovias no país para apoiar a logística da produção agrícola. Enfatizou que é preciso apoiar cada vez mais os pequenos e médios produtores e, ao ser indagado sobre o papel do país no processo de transição energética, resumiu: “A transição energética é uma oportunidade para o Brasil se transformar no celeiro do mundo em produção de energia renovável”.

    Lula sobrevoa nesta quarta-feira (31), na região de Corumbá (MS), áreas atingidas pelo fogo e, depois, participa em Cuiabá (MT) da inauguração da modernização de quatro aeroportos do estado e da entrega de mil unidades do Minha Casa, Minha Vida. 

    Algumas das principais respostas do presidente:

    INCÊNDIOS NO PANTANAL – Estamos vivendo a maior seca dos últimos 70 anos na região. E, mais importante, a umidade relativa do ar foi a 12%. Ou seja, você tem muito calor, pouca chuva e muita secura. Nós temos lá quase 800 pessoas trabalhando. Sete aviões, sete helicópteros, 15 embarcações, 140 automotores, temos 45 frentes de trabalho contra o incêndio. São 482 pessoas do ICMBio, 51 da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 40 bombeiros militares, Força Nacional e outros. Os proprietários estão ajudando também, tem muito empresário contribuindo, colocando máquina.

    POLÍTICA NACIONAL DE MANEJO INTEGRADO DO FOGO - A Marina (Marina Silva, ministra do Meio Ambiente) tem colocado que vou sancionar uma lei para discutir a questão do fogo, que está desde o governo da Dilma no Congresso Nacional e esteve engavetada durante muito tempo. Agora, na nossa volta, a gente fez essa lei, que foi aprovada, e vou sancionar, que é para dar possibilidade para cuidar melhor, de forma preventiva, da questão dos incêndios. É uma coisa nova, eu quero ir lá para ver de perto o que está acontecendo, porque essa lei vai permitir que a gente consiga discutir, no Orçamento da União, dinheiro preventivamente para a gente evitar que as coisas aconteçam. E aí teríamos que ter um acordo com os prefeitos, nós teríamos que ter um acordo com os fazendeiros, porque é preciso que todo mundo cuide.

    DESMATAMENTO – Fizemos um pacto com todos os governadores do Norte. Estiveram aqui governadores, prefeitos das cidades que têm maior incidência de fogo. Para dar uma notícia nova a vocês, acabei de falar com o Fávaro (Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária). Crescemos mais seis mercados novos. Ou seja, já fomos agora para 166 novos mercados para produtos brasileiros. E, grande parte deles, produtos agrícolas. Isso significa que os empresários que trabalham no campo, do agro, sabem que quanto melhor a gente cuidar a terra, quanto melhor cuidar do desmatamento, quanto melhor a gente não poluir a água, mais valor terão os produtos que o Brasil exporta, porque o mundo está exigente. E eu acho isso bom. E eu acho que isso vai preparando, politizando os nossos empresários para saber que é melhor cuidar, é melhor evitar desastre climático, é melhor manter os rios com água, é melhor manter a floresta em pé do que a gente desmatar.

    GARIMPO ILEGAL – O território brasileiro é muito grande. Quando a gente fala de Roraima, está falando de um espaço maior do que Portugal. A gente consegue destruir um monte de coisas: já destruiu helicóptero, avião, barco, tudo que a gente já destruiu e eles voltam na semana seguinte. É uma coisa sem trégua. A gente está fortalecendo a Polícia Federal. Criamos uma base da Polícia Federal na região da Amazônia, que é para que a gente possa cuidar disso com prioridade. Porque não é só combater o garimpo, é combater o crime organizado, o contrabando de armas, o tráfico de drogas. 

    TERRAS INDÍGENAS -  É importante ficar claro que tem garimpo autorizado pelo governo, tem empresas garimpando. O que queremos é evitar essa ocupação nas Terras Indígenas. Isso vamos fazer. Nós montamos, inclusive, um escritório do Governo Federal em Boa Vista. Hoje temos vários ministérios com representantes oficiais lá. Porque a gente quer vigiar e visitar in loco. É quase uma guerra. Mas nós vamos vencer..

    SEGURANÇA PÚBLICA – Estou convocando a reunião do Ministério da Justiça com os outros ministros que foram governadores de estado. Eu quero, com o Lewandowski (Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça), discutir a experiência dessas pessoas nos estados. A partir desse esboço, a gente vai convocar uma reunião com os 27 governadores. Porque temos que pactuar. Qual é o papel do Governo Federal? Qual é o papel do governo estadual? Onde vão entrar as Forças Armadas, onde vai entrar a Polícia Nacional, onde vai entrar a Polícia Federal? Porque tudo tem que ser combinado. A Polícia Federal não pode entrar no estado para resolver crime estadual. Queremos acertar qual será o papel.

    FERROVIAS – Primeiro colocamos no PAC um certo privilégio à construção de ferrovias. Estamos para terminar a Leste-Oeste, estamos para terminar a Transnordestina, e queremos que a Leste-Oeste ligue com a Norte-Sul, para que a gente possa ter uma espécie de espinha de peixe carregando os produtos que a gente fabrica. E também a ideia de fazer um porto na região para que os produtos do Mato Grosso e do Mato Grosso Sul possam chegar mais rápido a uma barça ou a um navio para atravessar o Atlântico. 

    PLANO SAFRA – Foi exatamente nos governos do PT, comigo ou com a Dilma, que a gente fez o mais importante Plano Safra da história deste país para atender o agronegócio e para a agricultura familiar. As pessoas se esquecem de que em 2008 eu fiz uma medida provisória que discutiu a securitização. Foram quase R$ 500 bilhões para a agricultura brasileira. O Brasil necessita de agricultura forte e pujante. Eu tenho orgulho da nossa agricultura. Os agricultores brasileiros, sejam pequenos, grandes ou médios, nunca tiveram tanto recurso como no governo do PT.

    PEQUENOS PRODUTORES – Temos quase 5 milhões de propriedades brasileiras com menos de 100 hectares. Nelas se produz praticamente 80% do alimento que vai à mesa do brasileiro. Temos que tratar o agronegócio com respeito, porque além de ele produzir coisas importantes, exporta muito. E temos que valorizar o pequeno e o médio proprietário rural porque eles estão cuidando da comida que vai na panela da sua casa.

    TRANSIÇÃO ENERGÉTICA – A transição energética é uma oportunidade para o Brasil se transformar no celeiro do mundo em produção de energia renovável. O Brasil já é o país que mais tem energia renovável. Da nossa energia elétrica, 87% é renovável. E do restante da energia nós temos 50%. Enquanto o resto do mundo tem 15%. Agora, com a transição energética, com a gente tendo possibilidade de fomentar a produção de eólica, solar, biomassa, etanol, biodiesel e hidrogênio verde, o Brasil será um atrativo extraordinário para que empresas que queiram produzir com energia limpa venham para cá.     

    PETRÓLEO – Não vamos abandonar o petróleo. A Petrobras é uma grande empresa. Nós temos petróleo. O mundo ainda vai precisar de petróleo. Hoje temos 15% de biodiesel no óleo diesel e 30% de etanol na gasolina. O Brasil possivelmente seja o único país do mundo que poderia mitigar isso. Agora, o petróleo é uma riqueza que precisamos usar o dinheiro para criar a transição energética. E a Petrobras tem que participar disso. O mundo vai precisar de petróleo por muito tempo ainda.

    [Fonte: SECOM/Palácio do Planalto] 

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