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      Pesquisadores brasileiros avançam em tecnologia que permite carro elétrico abastecido com etanol

      Tecnologia pode usar biocombustíveis como etanol e biogás, garantindo maior eficiência energética e abastecimento mais rápido que baterias convencionais

      (Foto: ABr)
      Aquiles Lins avatar
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      247 - Uma nova revisão científica aponta que as células a combustível MS-SOFCs (células de óxidos sólidos suportadas em metais) podem se tornar uma alternativa viável para a descarbonização do setor automotivo. De acordo com reportagem da Agência Fapesp, o estudo, publicado no Journal of Energy Chemistry por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) e colaboradores, analisa as vantagens e desafios dessa tecnologia, que tem atraído a atenção da academia e da indústria nas últimas duas décadas.

      Segundo os pesquisadores, as MS-SOFCs se destacam pela eficiência energética e pela versatilidade no uso de combustíveis, podendo operar com biocombustíveis amplamente disponíveis, como etanol, biogás e biometano. Isso faz com que a tecnologia seja especialmente promissora para países com grande produção e comercialização desses insumos, como Brasil, Estados Unidos, Índia e Tailândia. “Nosso estudo destaca que as MS-SOFCs representam uma solução promissora para a descarbonização da mobilidade, podendo ser uma alternativa impactante para a eletrificação desse setor”, afirma Gustavo Doubek, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do CINE.

      Além da Unicamp, a pesquisa contou com a participação de cientistas do Instituto Mackenzie de Pesquisas em Grafeno e Nanotecnologias (MackGraphe), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da King Abdullah University of Science and Technology (Kaust), da Arábia Saudita. O estudo foi financiado pela FAPESP, com apoio da Shell, e faz parte de um esforço mais amplo para o desenvolvimento de soluções energéticas sustentáveis no setor de transportes.

      Entre as principais vantagens das MS-SOFCs está a maior eficiência energética em relação aos motores a combustão interna. “Com a mesma quantidade de biocombustível, um veículo equipado com MS-SOFC pode percorrer mais quilômetros do que um carro tradicional a etanol”, explica Hudson Zanin, também professor da Unicamp e coautor do estudo. O sistema também supera as baterias elétricas convencionais em termos de praticidade, permitindo um abastecimento mais rápido e sem a necessidade de infraestrutura elétrica robusta.

      As MS-SOFCs funcionam de maneira distinta das baterias elétricas tradicionais. O tanque do veículo é abastecido com um biocombustível, como o etanol, que passa por um reformador responsável por extrair hidrogênio. Esse hidrogênio, ao ser oxidado na célula a combustível, gera eletricidade para alimentar o motor elétrico. O processo emite apenas calor, água e pequenas quantidades de CO₂, que podem ser compensadas pelo ciclo natural de absorção do carbono pela cana-de-açúcar utilizada na produção do etanol.

      Embora a tecnologia ainda não esteja disponível comercialmente, já foi testada em protótipos, como o e-Bio Fuel Cell, desenvolvido pela Nissan e apresentado no Brasil em 2016. No entanto, os pesquisadores ressaltam que desafios técnicos ainda precisam ser superados, como a durabilidade dos componentes e a redução dos custos de produção. O estudo destaca que avanços em novos materiais e arquiteturas podem viabilizar a adoção em larga escala dessa tecnologia.

      A pesquisa recebeu financiamento adicional da Unicamp, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Shell, com suporte estratégico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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