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“Poluição atmosférica aumenta risco de doenças degenerativas e cancerígenas”, alerta pesquisadora da Fiocruz

Pesquisadora Beatriz Oliveira traz dados preocupantes sobre a exposição humana a agentes químicos, físicos e biológicos e efeitos associados na saúde

Pesquisadora Beatriz Oliveira, da Fundação Oswaldo Cruz, e poluição (Foto: Agência Brasil/Divulgação)

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Beatriz Bevilaqua, 247 - Praticamente toda a população mundial (99%) respira ar que ultrapassa os limites de qualidade recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que representa uma ameaça à saúde. Em junho deste ano, o Ministério da Saúde, em colaboração com o Ministério do Meio Ambiente, lançou o “Painel Vigiar: Poluição Atmosférica e Saúde Humana”.

Este novo painel de monitoramento visa identificar áreas com maior exposição ao material particulado fino e analisar seus impactos na saúde humana. O objetivo da ferramenta é apoiar a formulação de políticas públicas e ações de saúde ambiental, melhorar a qualidade das informações e fortalecer a vigilância em saúde no Brasil.

No episódio “Brasil Sustentável” desta semana, na TV 247, falamos sobre os principais mecanismos pelos quais a poluição atmosférica afeta a saúde humana. A pesquisadora Beatriz Oliveira, da Fundação Oswaldo Cruz, traz dados relevantes de acordo com seus projetos de pesquisas sobre a exposição humana a agentes químicos, físicos e biológicos e efeitos associados na saúde.

Os efeitos da poluição variam de acordo com o agente estudado. “No caso do material particulado fino, ele afeta o sistema respiratório inferior e pode até atingir a corrente sanguínea, impactando vários sistemas do corpo. Isso inclui o sistema nervoso, onde pode causar neuroinflamação e, a longo prazo, levar a efeitos cognitivos, disfunções na regulação do estresse e aumentar as chances de ansiedade e depressão. Além disso, pode contribuir para doenças cardiovasculares, aterosclerose e problemas no fígado. A inalação dessas partículas sobrecarrega o organismo, que lida com a inflamação, o aumento do estresse oxidativo e danos celulares irreversíveis”, alertou a especialista.

Algumas dessas partículas também contêm outros poluentes carcinogênicos, como hidrocarbonetos. “Na Amazônia, realizamos um estudo com células pulmonares expostas a material particulado e observamos danos ao DNA e morte celular devido à presença de hidrocarbonetos nas partículas. Embora o câncer seja multifatorial, a exposição prolongada a essas partículas aumenta a probabilidade de desenvolver a doença”, avaliou.

Já a inalação diária de monóxido de carbono dificulta o transporte de oxigênio no organismo e está correlacionada a partos prematuros e complicações para a saúde dos recém-nascidos, como baixo peso ao nascer e problemas respiratórios.

Em termos de saúde pública, várias políticas estão sendo implementadas, mas devemos acelerar ainda mais o processo de transformação urbana pensando na qualidade do nosso ar. “Precisamos de cidades mais verdes, pois assim reduziríamos o risco de mortes por doenças geradas pela poluição atmosférica. As florestas urbanas funcionam como filtros, impedindo a inalação de muitos poluentes, além de resfriar o ambiente naturalmente e relaxar a mente, promovendo a saúde mental”, avaliou.

A entrevista também aborda as áreas brasileiras mais vulneráveis, que estão mais expostas aos poluentes, como aquelas próximas a grandes vias. Por exemplo, na Avenida Brasil no Rio de Janeiro, conglomerados de baixa renda frequentemente residem em locais próximos a grandes avenidas e viadutos, onde a paisagem se torna mais poluída.

Além disso, para agravar ainda mais a situação, muitos serviços básicos, como segurança, saúde e transporte, são frequentemente negligenciados nessas áreas. A especialista oferece dicas sobre como minimizar a exposição aos poluentes no nosso dia a dia.

Confira a entrevista na íntegra aqui:

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