Setor marítimo investe em alternativas aos combustíveis fósseis para reduzir emissões de gases de efeito estufa
Empresas como Bunker One, Petrobras e Vibra apostam em biocombustíveis e metanol para descarbonizar o transporte marítimo e reduzir impactos ambientais
247 - O setor de transporte marítimo, responsável por cerca de 3% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), é fortemente dependente de combustíveis fósseis, como o bunker e o diesel marítimo. Esses combustíveis não só contribuem para o aquecimento global, mas também causam acidificação da água dos oceanos e degradam ecossistemas marinhos, afetando diretamente as comunidades costeiras e a atividade pesqueira. Segundo reportagem da revista Brasil Energia, iniciativas de empresas como Bunker One, Petrobras, Vibra e Svitzer têm se destacado por promover soluções alternativas, com o objetivo de reduzir as emissões e os impactos ambientais desse setor.
As alternativas incluem misturas de biocombustíveis com bunker e óleo diesel marítimo, além do uso de metanol, tanto de origem mineral quanto de resíduos orgânicos. De acordo com estudos, o metanol pode eliminar até 60% dos compostos nitrogenados (NOx), reduzir em até 85% as emissões de óxidos de enxofre (SOx) e minimizar significativamente a emissão de partículas finas, quando comparado aos combustíveis tradicionais. Além disso, o metanol é biodegradável e não exige grandes modificações nos motores das embarcações, o que facilita sua adoção no setor.
A Bunker One, multinacional dinamarquesa com sede regional no Brasil, tem liderado os esforços para incorporar biocombustíveis na matriz energética do transporte marítimo. A empresa conseguiu comprovar, por meio de uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a viabilidade de uma mistura de 7% de biodiesel no combustível marítimo. Segundo Filippe Fernandez, diretor comercial da Bunker One, o percentual foi escolhido com base nas especificações da International Organization for Standardization (ISO) na época da pesquisa, em 2021. “A versão mais recente da ISO, de 2024, agora permite até 100% de biodiesel nas embarcações”, destacou Fernandez.
Os testes realizados pela UFRN, envolvendo biodiesel de segunda geração – proveniente de resíduos como óleo de cozinha usado e gordura animal – comprovaram uma redução de até 85% nas emissões de CO2eq, tanto durante a combustão da mistura quanto em sua cadeia de produção. Fernandez ressaltou que a adição de 7% de biodiesel não comprometeu a potência dos motores das embarcações, nem causou danos aos equipamentos. "Esses resultados foram encaminhados ao Ministério de Portos e Aeroportos e à Antaq para incentivar o uso de biocombustíveis no setor marítimo", afirmou.
Com a implementação, a partir de 2025, da legislação FuelEU Maritime, na Europa, que visa promover o uso de combustíveis renováveis e de baixo carbono no transporte marítimo, a demanda por soluções mais sustentáveis tende a aumentar globalmente. A legislação estabelece uma redução gradual de 2% nas emissões de gases de efeito estufa a partir de 2025, com meta de 80% até 2050. Fernandez acredita que o Brasil também verá um crescimento no interesse por tecnologias de baixo carbono, impulsionado pela perspectiva de adoção de regulamentações semelhantes pela Organização Marítima Internacional (IMO) em 2027. “Já estamos observando um aumento do interesse no Brasil, e essa tendência se intensificará nos próximos anos”, afirmou.
Com o cenário de mudanças regulatórias e a pressão crescente para a descarbonização, o transporte marítimo brasileiro se prepara para adotar soluções mais verdes e inovadoras, que prometem transformar o setor e minimizar os impactos ambientais do transporte de mercadorias por via marítima.
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