"A família é uma coisa sagrada. Fico ofendido quando colocam em dúvida nosso respeito à família", diz Lula a evangélicos
Ex-presidente divulgou nesta quarta-feira uma carta aos evangélicos, na pela qual se compromete com a liberdade religiosa
247 - O ex-presidente Lula (PT) divulgou nesta quarta-feira (19), durante um encontro com apoiadores evangélicos, uma carta pela qual se compromete a respeitar as religiões e as igrejas em um eventual novo governo.
Lula afirmou ser vítima de uma campanha de mentiras que visam colocar os religiosos contra ele. "As dúvidas que colocam sobre a gente é uma das armas para evitar que a gente possa exercer a tarefa de ganhar a eleição. O Haddad em 2018 sofreu as mesmas acusações que hoje a gente está vendo em determinados setores das igrejas. Isso é triste. Os evangélicos prestam um trabalho social excepcional em muitos lugares desse país. Tem muita gente séria que exerce a função de pastor, para tratar da espiritualidade das pessoas, da fé das pessoas. Uma família quando sai de casa para ir para a igreja não vai para escutar discurso político. A pessoa vai para orar, para assumir mais compromissos com Deus, com sua família".
Ele aproveitou a ocasião para rebater a fake news do 'banheiro unissex': "só pode ter saído da cabeça de Satanás". "Inventaram a história do banheiro unissex. Gente, eu tenho família, tenho filha, tenho neta, tenho bisneta. Só pode ter saído da cabeça de Satanás a história de banheiro unissex. A quantidade de mentiras é uma coisa que... Sabe? Sou filho de uma mulher que teve 12 filhos, todos de parto normal, com parteira. Essa mulher criou 12 filhos, quatro morreram. E essa mulher nos ensinou o que é ter amor dentro de casa. Nós éramos oito irmãos, com minha mãe, nove, e mais quatro sobrinhos que vieram de Pernambuco. A gente dormia em 13 pessoas em um quarto e cozinha, e o banheiro era o banheiro do bar. Era o banheiro que as pessoas que ficavam no bar bebendo usavam e a minha família tinha que ir lá naquele banheiro. Podia um bêbado ter ido antes, feito qualquer coisa, e era aquele banheiro que a gente tomava banho, que a gente frequentava. A minha mãe nunca nos ensinou a ter qualquer coisa de raiva ou de ódio. A minha mãe sempre acreditava que as coisas iam melhorar. Em dezembro a gente ficava em casa, a gente não tinha dinheiro para comer pizza, mas a gente tinha a tal da Missa do Galo. Minha mãe fazia a gente ficar acordado até meia noite para a gente ir na Missa do Galo. Eu fui criado subordinado à orientação de uma família".
O petista afirmou que "a família é uma coisa sagrada". "Eu sou daqueles que todo final de semana a gente reúne mãe e filhos para fazer meu churrasquinho. Quando eu vejo as pessoas colocarem em dúvida a nossa relação e o nosso respeito com a família, eu fico ofendido".
Lula criticou ainda pastores e padres que se utilizam do cargo para fazer política nas igrejas. "Eu não considero um pastor que mente pastor. Não considero. É possível alguém viver de contar mentiras? Não é possível alguém não respeitar uma criança que vai com a mãe na igreja. A pessoa pode querer escolher o Bolsonaro para presidente, não tem nenhum problema, mas a pessoa não pode mentir. Eu defendo que as pessoas participem da política, mas se um pastor quer fazer política, ele que vá para a rua. Ele não pode é ir para a igreja fazer política. Se um padre quiser fazer política, ele que faça política, mas não tire proveito do altar para fazer política. Saia, vá para a rua, vá defender ou questionar quem quiser. A gente precisa ensinar a sociedade brasileira a tomar as decisões corretas".
Ele ainda comentou o clima de ódio que tomou conta da campanha eleitoral e admitiu ter subestimado o poder das fake news pela internet. "Nunca vi a quantidade de ódio estabelecida nesse país por causa das mentiras, mentiras mais absurdas possíveis. Mentiras que quando eu ouço ou falo: 'não é possível que alguém acredite nisso'. Mas tem gente que acredita. Porque quem fala é o pastor, que dentro da igreja é uma autoridade. E ele não pode se aproveitar da autoridade para mentir. [...] Quando resolvi fazer a carta, é por respeito a vocês. Eu sei quanto as pessoas sérias sofrem para enfrentar as pessoas mentirosas, tanto na igreja evangélica quanto na igreja católica. Minha mãe dizia: 'a mentira voa, e a verdade engatinha'. A verdade é mais difícil, porque a verdade tem que ter argumento, explicação. Demora para você convencer. A mentira não. E hoje pela internet ficou muito mais fácil mentir. [...] Eu não imaginava que as mentiras pelo celular tinham tanta força, não imaginava o poder de multiplicação de mentira que tem o 'zap'. E eles têm uma fábrica monstruosa de produzir mentira".
Na carta, Lula indica que as igrejas deverão ser 'parceiras' do governo. Em seu discurso, ele apontou para a possibilidade de as igrejas atuarem como braço governamental nas políticas sociais. "Grande parte das políticas sociais que o governo faz podem ser feitas pelas igrejas. As igrejas evangélicas e a igreja católica têm serviço prestado. Em várias áreas as igrejas são melhores que o governo. Custa mais barato do que o governo fazer".
O ex-presidente também não deixou de criticar Jair Bolsonaro (PL), lembrando inclusive do caso do "pintou um clima". "Esse atual presidente é um psicopata mentiroso, um mentiroso compulsivo. Antigamente as pessoas ficavam vermelhas quando mentiam. Ele não fica. E mais grave: é ele e a família inteira. É um negócio absurdo, gente. A última coisa grave que ele fez foi [sobre] aquela visita às meninas da Venezuela, e ele depois acordou 01h da manhã para tentar se explicar com a opinião pública. Ele não tem respeito, não tem respeito pela verdade, pela família. Não dá para a gente continuar vivendo assim".
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