“A maior ilusão da esquerda brasileira é com o compromisso democrático da burguesia”, diz Altman
Jornalista listou as principais ilusões da esquerda e afirmou que, enquanto o Brasil ocupar a periferia do capitalismo global, qualquer avanço no sentido de criar um verdadeiro estado de bem-estar social será impedido. “Toda vez que governos populares tentam adotar medidas nessa direção provocam uma contrarrevolução burguesa”. Assista
247 - O jornalista Breno Altman, em entrevista à TV 247, listou duas das principais “ilusões” cultivadas pela esquerda brasileira, em sua avaliação. Para ele, a principal falácia é igualar a indignação, apenas parcial, da burguesia contra o governo Jair Bolsonaro com algum tipo de compromisso com a democracia.
Além disso, o projeto de implementar no Brasil um “capitalismo democrático”, com um forte estado de bem-estar social, é um horizonte impossível para os países periféricos do sistema, como o Brasil e o restante da América Latina, destacou Altman.
“Do ponto de vista prático, a maior ilusão da esquerda brasileira é com o compromisso democrático da burguesia brasileira. Do ponto de vista teórico, que também acaba alimentando essa ilusão prática, é a crença de que possa existir no Brasil um desenvolvimento democrático do capitalismo. Ou seja, que é possível contar com setores da burguesia para um capitalismo que volte a expandir o mercado interno, que distribua renda e que permita ter aqui no Brasil aquilo que a classe trabalhadora da Europa conquistou nos 30 anos do pós-Guerra. Essa é a outra ilusão da esquerda brasileira hoje. O capitalismo periférico não permite isso. Toda vez que governos populares tentam adotar medidas nessa direção, no Brasil ou em outros países da América Latina, provocam uma contrarrevolução burguesa que coloca esses governos abaixo, ou os domestica. Há uma incompatibilidade entre o capitalismo periférico e a construção do estado de bem-estar social”, disse o jornalista.
A condição da periferia global, que é explorada pelos grandes centros capitalistas, é um grande fator de impedimento no capitalismo atual, o que exige a criação de novas condições. “No capitalismo periférico, não existe espaço para o estado de bem-estar social. Não existe esse espaço porque o capitalismo central precisa da superexploração do trabalho no capitalismo periférico. Ele precisa arrancar as riquezas minerais no capitalismo periférico, precisa que o capitalismo periférico alimente seu gado com soja e com grãos de forma geral. Então, a situação de dominação do capitalismo periférico impede que aqui tenha um estado de bem-estar social de uma maneira sustentável, e a esquerda tem a ilusão de que isso seja possível”, completou.
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