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    'Abin paralela' levantou "ficha corrida" de agentes do Ibama que estavam "dando trabalho" ao governo Bolsonaro

    Relatório da PF sugere que os agentes estavam sendo monitorados porque estavam combatendo crimes ambientais, o que incomodava a gestão Bolsonaro

    Bolsonaro, floresta em chamas e Ibama (Foto: REUTERS/Adriano Machado | REUTERS/Ueslei Marcelino | Divulgação/IBAMA)

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    247 - Em 2022, a chamada 'Abin paralela', um grupo de agentes que operava de forma não oficial dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi acionada para verificar a "ficha corrida" de três servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informa o UOL. O pedido partiu do gabinete do ex-ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite, substituto do atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

    A investigação da Polícia Federal, revelada no último dia 11 durante a segunda fase da Operação Última Milha, revelou que a Abin paralela monitorou pelo menos três agentes do Ibama entre 2020 e 2022. O relatório da PF aponta que o governo tentou obter dados pessoais de servidores do órgão ambiental em pelo menos três ocasiões. Entre os pedidos, um destaque é o feito pelo delegado Rodrigo Augusto de Carvalho Costa, que foi assessor de Joaquim Leite de setembro de 2021 a maio de 2022. Costa solicitou a Giancarlo Rodrigues, um sargento do Exército ligado à Abin paralela, que "verificasse a ficha corrida" de três agentes do Ibama em março de 2022. Rodrigues foi um dos cinco presos na operação Última Milha.

    O relatório da PF sugere que os agentes estavam sendo monitorados porque estavam cumprindo suas funções legais no combate aos crimes ambientais, o que teria causado desconforto à gestão de Bolsonaro. Hugo Loss, um dos agentes mencionados, foi alvo de monitoramento pelo sistema First Mile em maio de 2020, um mês após ser removido do cargo de coordenador de fiscalização do Ibama, após uma operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Apyterewa. A operação, que resultou na queima de equipamentos de garimpeiros, levou o então presidente a cobrar explicações do ministro da Justiça da época, o ex-juiz parcial e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

    Os outros dois agentes monitorados, Roberto Cabral e Hugo Leonardo Mota Ferreira, também enfrentaram represálias. Cabral foi removido de sua posição após apontar irregularidades em uma norma que facilitava a caça de javalis, e Ferreira ajudou na operação Akuanduba, que investigou a exportação ilegal de madeira e contribuiu para a queda de Salles em 2021.

    Rodrigo Costa, por sua vez, nega qualquer envolvimento em espionagem irregular e afirma que os pedidos de informações foram apenas para verificar antecedentes de forma pública, como registros criminais. Segundo ele, o governo estava investigando possíveis "ataques institucionais" por parte dos servidores do Ibama, especialmente devido a um perfil anônimo no Twitter, "Fiscal do Ibama", que fazia críticas à política ambiental de Bolsonaro.

    Apesar das evidências reveladas, Costa não foi alvo da operação Última Milha, e o relatório não identificou quem especificamente solicitou a verificação da ficha dos agentes na Abin paralela. A investigação ainda não revelou o conteúdo exato da postagem que teria causado a preocupação do governo, que parece estar ligada à presença de Bolsonaro em uma competição de criadores de pássaros em extinção.

    A PF continua a investigar o caso, enquanto Joaquim Leite não respondeu às tentativas de contato para comentar a situação.

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