Ao citar Heleno e Braga Netto, Mauro Cid disse à PF que seguiu instruções de superiores de farda, diz Luís Costa Pinto
Segundo o jornalista, o depoimento de Cid traz uma novidade no inquérito. "Mauro Cid está jogando para cima a confusão e deixando claro que ele não foi desleal à Arma", disse
247 - O jornalista Luís Costa Pinto comentou nesta quarta-feira (30), durante o Boa Noite 247, da TV 247, os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal sobre os crimes cometidos durante o governo de Jair Bolsonaro e o potencial impacto sobre militares. Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, do G1, pessoas próximas a Cid dizem que ele não está acusando ninguém, mas vem detalhando os participantes das tratativas, incluindo militares, ex-ministros e funcionários do governo Bolsonaro. Entre os nomes listados por Cid estariam os dos generais Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional - GSI) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
Para Luís Costa Pinto, os depoimentos de Mauro Cid elevam o patamar sobre a participação dos militares nos crimes. “Estes dois nomes são de companheiros de farda e de generalato do seu pai, o general Lourena Cid, que são o ex-ministro da Defesa Braga Netto e o ex-ministro do GSI Augusto Heleno. Eles que determinaram a Mauro Cid que ele podia obedecer cegamente às determinações do presidente da República Jair Bolsonaro, porque isso não conflitava com a lealdade dele aos princípios do Exército”, disse Costa Pinto. “Então, aí tem uma novidade neste inquérito. Mauro Cid está jogando para cima a confusão e deixando claro que ele não foi desleal à Arma, mas sim, seguiu instruções de superiores de farda, da caserna”, afirmou. Assista ao Boa Noite 247:
Na sexta-feira (25), inclusive, Cid esteve por duas horas na sede da PF em Brasília. Ele teve de retornar na segunda, sob a alegação de que, por falhas técnicas, os investigadores não puderam fazer o registro formal das declarações da primeira oitiva. No entanto, segundo Valdo Cruz, da GloboNews, a justificativa de falhas técnicas foi apenas uma estratégia para que o depoimento pudesse continuar na segunda.
Ainda de acordo com Cruz, em sua coluna no g1, militares ligados à alta cúpula das Forças Armadas comemoram o fato de Cid estar colaborando com a PF. “Segundo esses militares, essa seria a única opção para começar a ‘cicatrizar a ferida aberta’ durante o governo Bolsonaro que tanto desgastou as Forças Armadas”, afirma a reportagem. >>> Expulsão de Mauro Cid do Exército pode render à esposa pensão pelo marido 'morto fictício'
“De acordo com a cúpula do Ministério da Defesa e do Comando do Exército, as Forças Armadas ‘estão sangrando em praça pública’ e, para que a crise criada pelo ex-presidente Bolsonaro seja superada, o ideal é que Mauro Cid tenha delatado os militares envolvidos em irregularidades e atos golpistas”, ressalta ainda o jornalista.
Um membro do Ministério da Defesa observa que, embora haja um clamor por punições direcionadas aos militares, é essencial que se conheçam os nomes daqueles envolvidos para que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa julgá-los de acordo com a lei. "Através de uma eventual delação de Mauro Cid, a desconfiança que paira sobre nós será dissipada, as partes envolvidas serão identificadas claramente e o STF poderá tomar as medidas necessárias", afirmou.
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