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    Arma que matou indígena é de filho de fazendeiro, aponta perícia

    O tiro que matou a indígena conhecida como Nega Pataxó partiu da arma de um dos filhos de fazendeiros que tentaram recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma

    (Foto: Giuliana Miranda)

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    Por Gabriel Côrrea (Agência Brasil) - A perícia da Polícia Civil confirmou que o tiro que matou a indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, na terra indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, partiu da arma do filho de fazendeiros. Quatro armas foram apreendidas e dois homens presos, acusados do crime. 

    Cerca de 200 ruralistas da região se mobilizaram através do WhatsApp para recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no sábado (20). Para o delegado Roberto Júnior, os resultados da perícia nas armas permitem concluir o inquérito policial. 

    De acordo com a Fundação dos Povos Indígenas, o grupo que fez o ataque se autointitula "Invasão Zero" e tem o propósito de retomar o território Caramuru, no município de Potiraguá, sul da Bahia. Entre os feridos, também estava o cacique indígena Nailton Muniz, além de outros que foram hospitalizados. Ao todo, sete pessoas foram atingidas por armas de fogo. 

    Segundo o delegado Roberto Júnior, a justiça estadual repassou o caso para instância federal. Agora, caberá à Polícia Federal continuar as investigações. 

    Nessa terça-feira (23), o governo da Bahia oficializou a criação de uma companhia da Polícia Militar encarregada de mediar conflitos agrários e urbanos e coordenar ações de segurança para o cumprimento de mandados judiciais de manutenção ou reintegração de posse. 

    O sul da Bahia vive um histórico de conflitos fundiários entre fazendeiros e indígenas Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe, que têm denunciado ameaças, violências e invasões. 

    Nesta quarta (24), a Fundação Cultural Palmares expressou pesar. O presidente da fundação lembrou a execução, também na Bahia, da ialorixá, ativista e líder quilombola Mãe Bernadete, em agosto do ano passado, também em situação de disputa por terras. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, em pouco mais de 30 dias ocorreram oito investidas contra povos indígenas no sul da Bahia.  

    Entramos em contato com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que ainda não confirmou a identidade dos dois presos acusados da morte da indígena Maria de Fátima Muniz.

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