Atentado não foi caso isolado e não há elementos para justificar tese de suicídio, diz Pimenta
Ministro se posicionou contra a possibilidade de anistia para envolvidos em atos antidemocráticos, alertando que tal medida seria um estímulo à impunidade
247 - O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou nesta quinta-feira (14) que o atentado cometido por Francisco Wanderley Luiz, ex-candidato a vereador pelo PL, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), não deve ser tratado como um ato isolado, reforçando que não há elementos que justifiquem a tese de suicídio. Em declarações em vídeo, Pimenta sugeriu que o episódio é parte de um contexto mais amplo de violência motivada por discursos de ódio e intolerância promovidos por setores da extrema direita.
“Não acho que a gente deve tratar como caso isolado. Tem um ditado popular que fala que quem planta vento colhe tempestade; o Brasil tem sido alimentado por um discurso de ódio, de intolerância, um discurso contra a democracia, contra as instituições... o episódio da Carla Zambelli, o ataque do Roberto Jefferson no dia da eleição. O ato que acontece em Brasília no dia 12 de dezembro do ano da eleição, a tentativa de explosão do aeroporto, o 8 de janeiro com todas as suas conexões criminosas... e agora este episódio envolvendo o ex-candidato a vereador pelo PL que esteve na frente dos quartéis; portanto, que tem conexões importantes com a extrema direita, e que não deve levar a uma conclusão de que foi um ato isolado. Não: é uma decorrência de um discurso alimentado de ódio e intolerância que leva a isso,” declarou Pimenta.
O ministro também descartou a possibilidade de suicídio, afirmando que Luiz foi fatalmente ferido ao falhar no manuseio dos próprios explosivos. “Analisando os vídeos e o contexto todo, não encontro elementos para justificar qualquer tese de suicídio; na minha opinião, está muito claro que ele tinha um método e um objetivo. Tentou invadir o STF. Tinha material explosivo no carro, trailer e casa. Ninguém aluga uma casa para se suicidar. Ele atirou o 1º explosivo, que não detonou; o 2º claramente ele arremessa e explode e o 3º explosivo explode na mão dele - tanto é que a mão dele foi muito atingida pela explosão e quando ele cai o explosivo cai ao lado dele e explode próximo ao rosto. Não há nenhum elemento que leve à tese do suicídio; pelo contrário, ele morreu, na minha opinião, porque não soube manusear de forma adequada, e acabou sendo morto com seu próprio explosivo - um pouco semelhante ao caso do Riocentro,” avaliou Pimenta.
A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para investigar o caso como um ataque terrorista. O diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, destacou que “há indícios de planejamento de longo prazo” e que Luiz possuía equipamentos explosivos e um extintor modificado para atuar como lança-chamas. Segundo Rodrigues, a unidade de antiterrorismo da PF está examinando as conexões do suspeito, que teria vínculos com movimentos de extrema direita.
Para Pimenta, o episódio reforça a necessidade de investigação das redes de apoio por trás de atos como o de Luiz, ressaltando que há uma conexão direta entre discursos de ódio e ações violentas. “A PF vai continuar investigando e rapidamente vai chegar às conexões. Sabe-se que ele tinha outras pessoas com quem se relacionava, sabe-se que tinha um objetivo, uma obsessão de buscar atingir diretamente o ministro Alexandre de Moraes, um cara que esteve na frente dos quartéis, que mantinha conexões com grupos da extrema direita, que está em Brasília há bastante tempo, quem financiava isso? Quem é que dava suporte para a ação deste criminoso? Então, com certeza, a PF vai investigar e, se forem comprovadas as conexões, será incorporado ao inquérito do 8 de janeiro,” pontuou o ministro.
Pimenta também se posicionou contra a possibilidade de anistia para envolvidos em atos antidemocráticos, alertando que tal medida seria um estímulo à impunidade. “E falar em anistia, neste momento, é acenar para a impunidade, para os criminosos. E a impunidade é o fermento da violência, do ódio e da intolerância, que levou a mais esse episódio gravíssimo de atentado contra a democracia,” afirmou Pimenta, conclamando a sociedade a repudiar esses movimentos extremistas e a defender a democracia.
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