Bolsonaro defende fuga de soldado israelense que seria preso por crimes de guerra e diz que ele pertence ao “povo de Deus”
Ex-presidente investigado por tentativa de golpe de estado diz que receberia um fugitivo da Justiça brasileira com honras de chefe de estado
247 – Um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF) que estava de férias no Brasil fugiu para a Argentina neste domingo para escapar de um mandado de prisão emitido pela Justiça Federal brasileira, conforme informou o The Jerusalem Post. A ordem de prisão, que investiga supostos “crimes de guerra” cometidos pelo militar na Faixa de Gaza, foi publicada após uma ação da Hind Rajab Foundation (HRF), segundo noticiou o jornal brasileiro Metrópoles.
A decisão foi proferida pela juíza federal Raquel Soares Charelli durante uma sessão especial realizada na semana passada. De acordo com a avaliação israelense, a HRF recebe apoio de um Estado externo em suas investigações, e o Ministério das Relações Exteriores de Israel recebeu indícios das intenções da organização no sábado às 10h.
A defesa de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente investigado por tentativa de golpe de estado, manifestou-se nas redes sociais defendendo a fuga do soldado israelense. Em um tweet, Bolsonaro afirmou:
"Caso fosse Presidente da República esse Soldado do Povo de Deus, ora perseguido, teria sido recebido por mim no Planalto com as devidas honras."
Ele também criticou o governo atual, afirmando:
"Esse ataque a Israel, país irmão, bem demonstra que Lula da Silva, que nada fez para sanar essa injustiça, sempre esteve ao lado de ditadores e terroristas do mundo todo."
Acusações da Hind Rajab Foundation
A HRF, uma organização internacional comprometida em “quebrar o ciclo de impunidade israelense”, acusou o soldado de “participar de demolições massivas de residências civis em Gaza durante uma campanha sistemática de destruição”. No site oficial da HRF, a acusação afirma:
“Esses atos fazem parte de um esforço mais amplo para impor condições de vida insuportáveis aos civis palestinos, constituindo genocídio e crimes contra a humanidade segundo o direito internacional.”
A organização apresentou evidências que, segundo a HRF, comprovam o envolvimento direto do soldado nas ações denunciadas. Entre os materiais apresentados estão “gravações de vídeo, dados de geolocalização e fotografias que mostram o suspeito plantando explosivos e participando da destruição de bairros inteiros”. Maira Pinheiro, advogada principal da HRF, afirmou ao Metrópoles:
“Este não é um caso de ordens dadas à distância. Este indivíduo contribuiu ativamente para a destruição de casas e meios de subsistência, e suas próprias declarações e comportamentos alinham-se claramente com os objetivos genocidas em Gaza.”
Reação das autoridades israelenses
Após a coordenação com as IDF, funcionários do Ministério das Relações Exteriores de Israel contataram a família do soldado, enquanto o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, entrou em contato com o militar. O Ministério decidiu “não correr riscos” e auxiliou o soldado a deixar o país. Em resposta, a Articulação Judaica de Esquerda denunciou uma violação à soberania nacional, afirmando que houve intervenção estrangeira no Brasil.
Gideon Sa’ar, Ministro das Relações Exteriores de Israel, presidiu uma reunião de um subcomitê do gabinete de segurança para tratar das tentativas de prisão de soldados. Ele exigiu a formulação imediata de procedimentos regulares para casos desse tipo e a criação de uma linha direta para receber denúncias. Além disso, ordenou a formação de uma equipe para monitorar organizações que atuam contra soldados no exterior.
Contexto legal e internacional
A HRF fundamenta a acusação no Estatuto de Roma, do qual o Brasil é signatário, permitindo a jurisdição universal dentro do território brasileiro. Maira Pinheiro explicou que qualquer país membro deve agir para garantir que os crimes previstos no Estatuto sejam investigados e punidos. O Estatuto Brasileiro prevê jurisdição para crimes cometidos no exterior quando relacionados a tratados internacionais e quando o perpetrador entra em território brasileiro.
Até o momento, o Tribunal Penal Internacional (TPI) não emitiu mandados de prisão contra soldados da IDF, mas sim contra o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant. Isso ocorre porque Israel está investigando internamente as supostas ações de seus soldados, impedindo a jurisdição do TPI, enquanto ainda não investigou a legalidade das decisões de Netanyahu e Gallant.
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