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Brasil prepara reação a ataques da Venezuela em meio à escalada da tensão entre os dois países

Governo prepara nota oficial na esteira dos ataques de autoridades do governo de Nicolás Maduro ao presidente Lula e à bandeira brasileira

Lula e Nicolás Maduro (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)

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247 - O governo brasileiro, após uma sequência de provocações vindas do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, está prestes a se manifestar de forma oficial. A reação vem na esteira de uma postagem feita pela Polícia Nacional da Venezuela em sua conta no Instagram, onde uma imagem com uma bandeira brasileira aparece ao fundo de uma silhueta que remete ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora com traços e contornos borrados, com a frase "quem se mete com a Venezuela se dá mal".

Segundo o jornal O Globo, fontes oficiais confirmaram que uma nota do Itamaraty será divulgada, na qual o Brasil expressará sua surpresa e desagrado com o tom agressivo das declarações recentes de altos funcionários venezuelanos, embora sem especificar nomes ou detalhes. "Sem cair em provocações", afirmou uma fonte, o governo brasileiro pretende esclarecer que as expressões oriundas de Caracas sobre o governo e suas autoridades "não estão em linha com a forma respeitosa como devemos tratar nossas divergências". O texto ainda está em fase de revisão.

Ainda de acordo com a reportagem, funcionários do governo brasileiro analisam que as falas e posicionamentos do regime de Maduro "perderam o sentido da realidade". Até o momento, o governo Lula vinha adotando uma postura de contenção diante dos ataques provenientes de Caracas, mas a imagem da Polícia Nacional, ao atacar um símbolo nacional, mudou essa abordagem.

A avaliação é de que "uma coisa é criticar, ainda que sem fundamento, autoridades ou até mesmo instituições de governo", mas o ataque à bandeira do Brasil elevou a crise a um novo patamar, levando o Brasil a decidir abandonar o silêncio. A resposta do governo brasileiro, contudo, deverá ser moderada, sem manifestação de repúdio a declarações ou ações específicas. "Não queremos escalar", disseram os interlocutores, embora tenham enfatizado que "não podíamos tolerar ataques que passaram dos limites".

A tensão entre Brasil e Venezuela atingiu níveis sem precedentes desde a volta de Lula ao poder, em janeiro de 2023. O primeiro ano foi marcado por tentativas de reconciliação, mas as relações começaram a se deteriorar no final do ano passado, em meio às ameaças de Maduro de invadir a Guiana para recuperar o território do Essequibo.

O clima se agravou após a eleição presidencial de 28 de julho, cujo resultado, anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), não foi reconhecido pelo Brasil. Desde então, o governo brasileiro fez diversas solicitações ao governo de Nicolás Maduro, incluindo a entrega de atas eleitorais que comprovassem a reeleição do presidente, as quais nunca foram apresentadas.

Na semana passada, o Brasil também se opôs à entrada da Venezuela no BRICS, bloco que inclui Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, contribuindo ainda mais para o aumento das tensões. Maduro não hesitou em atacar o Itamaraty, convocando o embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para consultas.

Em nota, o governo venezuelano expressou "a mais firme rejeição às recorrentes declarações de ingerência e grosseiras" de representantes do governo brasileiro, especialmente do assessor especial para Assuntos Externos, Celso Amorim, que foi acusado de se comportar como "mais um mensageiro do imperialismo norte-americano".

Além disso, o encarregado de Negócios da embaixada brasileira em Caracas foi chamado para prestar esclarecimentos na chancelaria venezuelana.

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