Bretas ordena operação da PF numa ofensiva sem precedentes contra a advocacia
O juiz Marcelo Bretas mandou a PF invadir uma série de escritórios de advogados e advogadas na manhã desta quarta-feira, numa ação sem precedentes contra a advocacia. A operação seria em função de uma delação premiada sobre um suposto esquema de desvios no Sistema S do Rio de Janeiro. O presidente da OAB também é alvo da delação
247 - O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, que tem buscado se colocar como herdeiro do lavajatismo em crise, ordenou que a Polícia Federal invadisse na manhã desta quarta-feira (9) escritórios e endereços de diversos advogados. A alegação é de que todos fariam parte de um suposto esquema de desvio de recursos do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac RJ) e da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ) entre 2012 e 2018. A operação acontece em consequência da delação de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio (Federação do Comércio do Rio). Um dos alvos da delação é o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que reagiu à ofensiva ontem, terça-feira (8).
Os escritórios Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, advogado de Lula, são o principal alvo da ação. Os escritórios do advogado Eduardo Martins, filho do futuro presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, e de Tiago Cedraz, filho de Aroldo Cedraz, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) também foram invadidos. O escritório do ex-ministro do STJ César Asfor Rocha e seu filho Caio Rocha, foi igualmente invadido.
Outro alvo nesta quarta é o escritório de Ana Tereza Basílio, apontada como uma das chefes do esquema, assim como os do advogado Fernando Hargreaves, entre outros.
Advogados conhecidos como lobistas, como Frederick Wassef, advogado do clã Bolsonaro, e o da mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, também foram invadidos.
Bolsonaro e Lula não são investigados nesta operação.
A Operação tem o nome E$quema S investiga supportos desvios no Sistema S do RJ por escritórios de advocacia no Rio e em São Paulo.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, alvo da delação de Diniz, foi acusado de supostamente pedido – e recebido – R$ 120 mil para sua campanha de reeleição à OAB do Rio em 2014.
Santa Cruz divulgou nota nesta terça-feira (8) em que afirma que a delação é uma retaliação. Santa Cruz é advogado do Sesc-RJ, que em ação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), conseguiu condenar Orlando Diniz a devolver R$ 58 milhões aos cofres da entidade que presidiu.
A nota de Santa Cruz: “O presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz, rechaça com veemência as ilações mentirosas dessa delação fantasiosa. Ressalta que nunca pediu qualquer tipo de apoio para campanha da Ordem ou negociou qualquer serviço com o senhor Orlando Diniz. Tais mentiras só podem ser interpretadas como retaliação à ação do dr. Felipe Santa Cruz como advogado do SESC e do SENAC/RJ em processo no TCU, justamente pedindo ressarcimento dos danos causados pelo delator às organizações – processo esse em que esse senhor foi condenado a devolver mais de R$ 58 milhões aos cofres do Sesc e do Senac estaduais por um convênio ilegal. Está clara a intenção de destruir reputações para tentar escapar de penas pesadas às quais são submetidos aqueles que, como o pretenso delator, cometem crimes”, enfatiza Felipe Santa Cruz em nota.
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