'Caldo engrossou e Senado pode articular demissão de Campos Neto em agosto', diz Helena Chagas
“Se hoje pode não haver 41 votos para defenestrá-lo, sua demissão pode ser articulada com os senadores se nada acontecer com os juros até agosto”, afirmou a jornalista
247 - A jornalista Helena Chagas, comentarista da TV 247, avaliou nesta quinta-feira (22) que o cenário político no Senado já não é mais favorável à manutenção de Roberto Campos Neto, após a decisão intransigente do Banco Central em manter a taxa de juros em 13,75%. “O caldo engrossou. Se, há meses, seria impensável que o Senado aprovasse a demissão do presidente do BC a pedido de Lula, agora a hipótese não é tão distante assim. Campos Neto está isolado e é alvo de críticas também de empresários e outros setores”, afirmou Helena.
Para a jornalista, o placar de 58 votos da aprovação de Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), nessa quarta-feira (21), foi “revelador” da afinidade entre a Casa e o Planalto. “Se hoje pode não haver 41 votos para defenestrá-lo, sua demissão pode ser articulada com os senadores se nada acontecer com os juros até agosto. A independência do Banco Central, um instituto que dificilmente seria questionado no Congresso que o aprovou, também entra numa zona de risco quando cresce a impressão de que Campos Neto, bolsonarista, estaria agindo politicamente”, acrescentou.
‘É irracional taxa de juros de 13,75% com inflação de 5%’, diz Lula na Itália
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou de “irracional” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%. Em entrevista coletiva em Roma, nesta quinta-feira (22), não poupou críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “É irracional o que está acontecendo no Brasil, você ter uma taxa de 13,75% com uma inflação de 5%”, afirmou.
“Não se trata do governo ficar brigando com o Banco Central. Quem está brigando com o Banco Central hoje é a sociedade brasileira”, disse Lula, referindo-se à Confederação Nacional das Indústrias (CNI), varejistas, pequenos e médios produtores, centrais sindicais e movimentos populares.
O presidente foi enfático nas críticas e mandou novo recado ao Senado. “Tenho cobrado dos senadores. Foram os senadores que colocaram esse cidadão lá. Então os senadores têm que analisar se ele está cumprindo aquilo que foi aprovado para ele cumprir. Na lei que está aprovada, ele tem que cuidar da inflação, do crescimento econômico e da geração de empregos. Então ele tem que ser cobrado. É só isso.”
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