Cardozo classifica declaração de Temer como "tragicômica" e reafirma que Dilma sofreu golpe: "sem meias palavras"
Ex-ministro ainda destacou que "o bolsonarismo foi gerado pela irresponsabilidade institucional de 2016. Quando você vai para o vale-tudo, é isso o que você traz para a sociedade"
247 - O advogado e ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardoso classificou a declaração de Michel Temer (MDB) negando o golpe de Estado contra Dilma Rousseff (PT) como uma "versão tragicômica dos fatos".
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo, Cardozo ressaltou que Dilma foi, sim, vítima de um golpe, o qual chamou de "episódio lamentável", e explicou que "o fato de ter havido um processo de impeachment formal não quer dizer que não tenha havido um golpe".
"Eu até entendo o ex-presidente Michel Temer falar o que ele fala, que eu chamaria de 'ilegítima defesa'. Ele vai sempre se defender dizendo que não participou, mesmo quando as suas próprias entrevistas demonstram que ele reconhece que não houve crime de responsabilidade", declarou o ex-ministro.
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Cardozo também ironizou o fato de Temer ter dito que o presidente Lula (PT) insiste em 'manter os olhos no retrovisor': "me espanta, ainda hoje, algumas pessoas dizerem que não houve golpe no caso do impeachment de Dilma ou que não se deve olhar o passado. Por que isso? Olhar para o passado é necessário para evitar os erros que podem acontecer no presente e no futuro. As coisas têm que ser ditas sem meias palavras: o que aconteceu em 2016 foi um golpe".
"Dilma não cometeu ato ilícito porque todos os governos anteriores faziam o mesmo. Não foi doloso, e havia manifestações de órgãos técnicos dizendo isso. E não foi ela que praticou o ato. Tudo isso foi provado, inclusive, pela perícia do Senado", relembrou o advogado. "Basta pegar a sessão [do Congresso, que julgou a então presidente]. Não era por aqueles fatos que Dilma estava sofrendo impeachment, mas pelo conjunto da obra. Ora, o conjunto da obra é apreciação política que não tem base no presidencialismo para depor um presidente. O presidente pode perder apoio do povo e da base parlamentar, mas continua governando".
O ex-ministro da Justiça fez questão de lembrar que o golpe de 2016 foi fundamental para abrir caminho à vitória de Jair Bolsonaro (PL) em 2018, jogando o Brasil em um ciclo autodestrutivo de miséria e de desmanche do Estado e das políticas públicas: "acho engraçado aqueles que negam que houve golpe em 2016 e hoje criticam ou fazem uma crítica a Jair Bolsonaro sem perceber que o bolsonarismo foi gerado pela irresponsabilidade institucional de 2016. Quando você vai para o vale-tudo, é isso o que você traz para a sociedade".
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