Cientistas alertam: governo Bolsonaro não tem plano de vacinação contra Covid-19
"São marcantes a falta de ambição, de senso de urgência e de comprometimento em oferecer à população brasileira um plano de vacinação competente", dizem cientistas do Observatório Covid-19 BR. Negacionismo do governo Jair Bolsonaro deixa o povo com a corda no pescoço: país está sem plano de vacinação para a pandemia
247 - O Observatório Covid-19 BR, um projeto de cientistas para o Brasil lidar com a pandemia, alerta: "ainda não temos um plano" de vacinação contra o coronavírus, mesmo após o governo Jair Bolsonaro anunciar, por meio do Ministério da Saúde, estratégias de vacinação para conter a propagação da doença.
"É um esboço rudimentar, com tantas fragilidades e lacunas que dificilmente poderá ser seguido", escreveram, em nota técnica divulgada no site do Observatório. "São marcantes a falta de ambição, de senso de urgência e de comprometimento em oferecer à população brasileira um plano de vacinação competente, factível, que contemple as diversas vacinas em teste no Brasil, com transparência e em articulação com estados e municípios", acrescenta a nota, segundo reportagem de O Globo.
De acordo com a análise dos pesquisadores, a priorização do público a ser vacinado é um dos poucos aspectos do plano razoavelmente claros. O Ministério da Saúde determinou que, na primeira etapa, por exemplo, são profissionais de saúde, idosos acima de 75 anos e indígenas.
O observatório é um coletivo de 80 integrantes que inclui especialistas dos centros de pesquisa mais importantes do Brasil, como USP, Fiocruz, UFSC e outras universidades.
O Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em número de casos (6,6 milhões), atrás de Índia (9,7 milhões) e Estados Unidos (15,5 milhões). O governo brasileiro também contabiliza 178 mil mortes provocadas pela pandemia, atrás dos EUA (293 mil).
Infectologista pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Julio Croda alertou para a necessidade de o Brasil otimizar as estratégias de vacinação contra a pandemia. O estudioso afirma que o Brasil está "atrasado em tudo".
Bolsonaro já subestimou a pandemia em várias ocasiões e manifestou posições contrárias ao isolamento social. No mês passado, por exemplo, ele disse que "todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer um dia...". "Não adianta fugir disso, da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô", disse ele em discurso no Planalto.
Em junho, ele afirmou que "talvez tenha havido um pouco de exagero" na maneira como a pandemia foi tratada. Chegou a classificá-la como uma "gripezinha", em março, e perguntou "e daí?" ao ser questionado sobre os cinco mil mortos pela doença, em abril.
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