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    Citada por Paulsen no TRF4, poeta Elisa Lucinda diz que ele 'não entendeu nada' e que Lula é inocente

    A poeta Elisa Lucinda criticou o desembargador do TRF4 Leandro Paulsen, que citou o poema "Só de Sacanagem" para endossar suas justificativas com o objetivo de condenar o ex-presidente Lula. "Usou poema, citou poema 'Só de sacanagem', para servir a coisas que o próprio poema não concorda", disse. Assista ao vídeo e leia o poema

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    247 - A poeta Elisa Lucinda criticou o uso de uma poema seu pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4) Leandro Paulsen para condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do Sítio em Atibaia (SP) e aumentar a pena dele de 12 anos e 11 meses para 17 anos, 1 mês e 10 dias de prisão.

    "Usou poema, citou poema 'Só de Sacanagem', para servir a coisas que o próprio poema não concorda.  Não faz sentido. Lula foi o melhor que o Brasil já teve, na era da elite. Fez o que fez pelo povo brasileiro. É inocente. Limpo", disse.

    "Um poema que pergunta cadê Queiroz, por que se mata, mata indígenas e negros, e o governo incita mais matança. Isso é o que o poema pergunta", acrescenta. 

    Leia o poema:

    Só de Sacanagem

    Meu coração está aos pulos!
    Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
    Por quantas provas terá ela que passar?

    Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam
    entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo
    duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
    para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus
    pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e
    eu não posso mais.

    Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança
    vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança
    vai esperar no cais?

    É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o
    aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus
    brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

    Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao
    conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e
    dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva
    o lápis do coleguinha",

    " Esse apontador não é seu, minha filhinha".

    Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido
    que escutar.

    Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca
    tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica
    ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao
    culpado interessará.

    Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do
    meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:
    mais honesta ainda vou ficar.

    Só de sacanagem!

    Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo
    o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse
    o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu
    irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a
    quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.
    Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o
    escambau.

    Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde
    o primeiro homem que veio de Portugal".

    Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
    Eu repito, ouviram? IMORTAL!

    Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente
    quiser, vai dá para mudar o final!

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