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    Comandante do Exército cogitou prender general golpista, mas recuou por temor de reação de Bolsonaro

    O general Mário Fernandes enviou carta a Freire Gomes, comandante do Exército, pressionando por golpe

    Jair Bolsonaro, Freire Gomes e Almir Garnier Santos (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

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    247 - Na primeira semana de novembro de 2022, o general da reserva Mário Fernandes enviou uma carta ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, pressionando por um golpe de Estado que impedisse a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mantivesse Jair Bolsonaro (PL) no poder. O conteúdo, enviado por WhatsApp e repassado a generais do Alto Comando, é uma das peças centrais no relatório da Polícia Federal (PF) que investiga a trama golpista, conforme revelado pela Folha de S.Paulo.

    Mário e Bolsonaro estão entre os 37 indiciados pela PF por participação na tentativa de golpe, que incluiu ataques às urnas eletrônicas e planos de deslegitimação do processo eleitoral. O caso foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se arquiva, pede mais investigações ou apresenta denúncias formais.

    “É agora ou nunca mais” - No texto de dez parágrafos, Mário demonstra frustração com os resultados das eleições e a ausência de uma resposta das Forças Armadas. Ele inicia dizendo:“COMANDANTE, eu gostaria, inicialmente, de reforçar ao Sr que mantenho minhas esperanças no Relatório da Defesa, instrumento este que, ao menos, deverá manter acesa a chama que atualmente estimula o clamor de nossa Sociedade.”

    Na sequência, o general critica a eleição de Lula, descrevendo-a como ilegítima: “O nosso povo não concorda com a manobra jurídica que anulou a condenação do Sr. LULA e, por meio de um Sistema Eletrônico vulnerável, não transparente e totalmente fraudável, elegeu o atual presidente.”

    Demonstrando preocupação com a perda de força dos acampamentos golpistas em frente aos quartéis, Mário escreve: “Os nossos pais viveram momentos tão tenebrosos como o que vivemos hoje, e como no passado, as nossas Instituições devem compreender que a vontade popular é a base da Democracia e que um apelo social tão significativo não pode simplesmente ser taxado como um Ato Antidemocrático, sendo desconsiderado e censurado.”

    Ele ainda justifica a necessidade de intervenção, apelando ao comando militar: “As Forças Armadas são de Estado, jamais de governo, e só podem intervir quando houver o apelo social e amparo legal que justifique tal ato. Para tanto, seria necessário um Evento Disparador, como no passado.”

    Por fim, o general conclama Freire Gomes a agir: “Uma ruptura institucional já ocorreu há muito tempo entre os Poderes. Precisamos tomar as rédeas da situação, COMANDANTE! O respaldo popular está aí e, se prosseguirmos na atual passividade, corremos o risco de perder tanto o apoio como a histórica confiança de nossa Sociedade!”

    Finalizando a carta, Mário enfatiza a urgência do momento: “É agora ou nunca mais, COMANDANTE, temos que agir! E não existe motivação maior do que a proteção e o futuro desta Grande Nação e de seus filhos… Os nossos filhos!”

    Apesar da relação de amizade com Mário, Freire Gomes considerou a carta inaceitável. Segundo fontes ouvidas pela Folha, o comandante chegou a cogitar prender o general da reserva, mas recuou temendo repercussões políticas e uma possível reação de Bolsonaro. No entanto, ele rejeitou categoricamente qualquer ação golpista.

    O Ministério da Defesa entregou, em 9 de novembro, um relatório técnico ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que evitava tanto confirmar quanto negar a lisura do processo eleitoral. Para a PF, o documento foi uma peça central para sustentar a narrativa de fraude e manter as manifestações golpistas.

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