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Conib quer banir Genoino das redes e fala em 'prisão preventiva' após falsa acusação de antissemitismo

A entidade sionista protocolou na Justiça de São Paulo um pedido de abertura de inquérito contra o ex-presidente do PT, com base em acusação falsa

José Genoino (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil | Reprodução)

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Por Fernanda Forgerini e Victor Farinelli, Opera Mundi - A Confederação Israelita do Brasil (Conib) protocolou na Justiça de São Paulo, nesta segunda-feira (22/01), um pedido de abertura de inquérito contra o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) José Genoino.

Junto com a Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP) e a Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ), a entidade sionista acusa o ex-deputado federal por supostos “crimes de racismo e incitação ao crime [incitar, induzir, instigar a prática de crime]”.

Durante a transmissão citada na ação judicial, Genoino defendeu o Movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que organiza mundialmente um boicote a produtos provenientes de assentamentos criados a partir da política expansionista do Estado de Israel em territórios que outrora pertenciam à Faixa de Gaza e à Cisjordânia.

O texto da denúncia sugere que Genoino, ao manifestar seu apoio ao BDS, teria deixado “transparecer todo seu fel, seu ódio, seu antissemitismo”.

Também durante a transmissão, Genoíno criticou o Manifesto pela Retirada do Apoio Brasileiro à Petição Sul-Africana Contra Israel, no qual alguns empresários e figuras públicas brasileiras se posicionam contra o apoio do governo brasileiro ao processo da África do Sul contra Israel por possível crime de genocídio contra os palestinos em Gaza, ação que tramita na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia.

A acusação contra Genoino é mais uma iniciativa judicial movida pela Conib contra uma figura pública que expressa opinião crítica ao sionismo, ideologia política que norteia o atual governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Além do ex-deputado, também estão sendo processados, o jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, e a diplomata brasileira Cláudia Assaf.

No processo, a Conib pede que o ex-presidente do PT “seja judicialmente requerida a busca e apreensão do aparelho celular do implicado [Genoino], bem como de eventuais computadores e Ipads”, que “sejam suspensas temporariamente todas as redes sociais do implicado”, além de que ele “se abstenha de reproduzir, por qualquer meio, mensagens, vídeos, textos , fotos/imagens ou quaisquer afirmações que expressem ou incitem o ódio contra qualquer minoria, especialmente judeus israelenses, sob pena de multa diária e prisão preventiva”.

Genoino, à Opera Mundi, repudiou a medida, apontando que não possui, por exemplo, nenhuma rede social. Ele já havia ressaltado a necessidade de "denunciar o genocídio perpetrado pelo governo israelense contra o povo palestino", declarando seu apoio à existência de dois Estados, um cessar-fogo imediato, assim como a paz entre as nações e a solidariedade ao povo palestino.

O ex-presidente do PT também afirmou: "não sou e nunca fui antissemita. Repudio, também, qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu e defendo a existência de dois Estados". "Temos a obrigação de denunciar, em todas as oportunidades, o genocídio do governo de Israel contra o povo palestino", disse.

Em relação ao termo "boicote", o ex-presidente do PT reafirmou que defende um "boicote às empresas que apoiam o governo de Israel na guerra contra o povo palestino".

"Toda vez que se critica as ações do governo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, eles usam o antissemitismo como uma rota de fuga. Defendemos os direitos, a soberania, as reivindicações e a história do povo judeu", afirmou.

Breno Altman - Além de Genoino, a Conib tem buscado censurar, por meio de processos, o jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman. Nessas ações, a entidade busca criminalizar suas opiniões contra o atual governo de Israel e contra a ofensiva militar na Faixa de Gaza, que já matou mais de 25 mil civis palestinos.

As decisões judiciais cíveis contra o jornalista determinam que ele ou as redes sociais excluam mensagens publicadas nessas plataformas nas quais há críticas ao Estado de Israel e à política do governo Netanyahu. A defesa do fundador de Opera Mundi está recorrendo contra essas decisões, de caráter liminar (ou seja, nenhuma delas, até o momento, julgou o mérito da ação) e monocráticas.

O jornalista também é alvo de um inquérito da Polícia Federal, decorrente de uma requisição do procurador Maurício Fabreti, do Ministério Público Federal, também iniciada por denúncia da Conib.

Além dos casos promovidos pela Conib, Altman também enfrenta um caso movido pela organização sionista Stand With Us, na primeira instância penal, que recebeu decisão liminar do juiz Fabricio Reali Zia pedindo a retirada de outro tuíte, no qual o fundador de Opera Mundi critica André Laijst, presidente da SWU Brasil, e o economista Alexandre Schwartzman.

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