Crise militar continua com ascensão de Braga Netto, chamado de “interventor do presidente”
O novo ministro da Defesa, general Braga Netto, chega desgastado ao posto, sob críticas de outros militares por ceder a Bolsonaro
247 - O novo ministro da Defesa, general Braga Netto, está sendo criticado por outros militares do governo por ter aceitado o pedido do presidente para assumir o cargo. Nos bastidores, seus colegas de farda consideram que seu deslocamento para o ministério da Defesa pode incentivar uma exploração política das Forças Armadas.
Para esses críticos, ao ter aceitado o posto, Braga Netto, até então ministro da Casa Civil, não respeitou a posição do ex-ocupante do cargo, o general da reserva Fernando Azevedo, e se tornou um preposto de Bolsonaro.
Integrantes da cúpula militar veem sua ascensão aio cargo de ministro da Defesa como uma grave quebra de hierarquia, com um tempo inferior aos dos comandantes do Exército e da Marinha.
Braga Netto já foi alertado por alguns de seus pares no exército de que errou ao não ter feito, até agora, uma declaração incisiva para negar qualquer ameaça à democracia. Seu único posicionamento público foi feito na mensagem do Ministério da Defesa alusiva ao aniversário do golpe militar de 1964, informa a Folha de S.Paulo. A ditadura militar durante 21 anos liquidou as liberdades democráticas e perseguiu oposicionistas, usando métodos cruéis como tortura e assassinato de presos políticos.
Nos bastidores do Planalto, Braga Netto foi apelidado de "interventor do presidente". Ele já foi interventor federal no Rio Janeiro, em 2018, ainda no governo Michel Temer.
A crise militar pode prosseguir na escolha dos novos comandantes. O favorito até o momento para o posto de comandante do Exército é o general Marco Freire Gomes, comandante militar do Nordeste. Gomes, por ser mais novo, teria que atropelar cinco outros generais, o que quebraria uma hierarquia por antiguidade, caso passe à frente.
A expectativa é que Braga Netto anuncie nesta terça-feira (31) os novos comandantes das três Forças. Para a Marinha, o favorito é o atual secretário-geral do Ministério da Defesa, almirante Garnier Santos. Para a Aeronáutica, ainda não há um nome definido.
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