Defesa de Lula vai à Suíça questionar cooperação com a Lava Jato após conversas de procuradores
Cristiano Zanin Martins irá pedir à Justiça suíça acesso aos arquivos originais da Odebrecht, usados pela Lava Jato para acusar Lula. Em conversas inéditas, procuradores falam de visita de procurador suíço Stefan Lenz à sede da Petrobras e da sugestão de Lenz para que Odebrecht mude de advogado
247 - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá à Suíça questionar na Justiça a cooperação firmada entre procuradores daquele país e membros da antiga força-tarefa da Lava Jato, depois que vieram a público os diálogos entre procuradores, autoridades suíças e o ex-juiz Sergio Moro.
Segundo o jornalista Jamil Chade, correspondente do UOL, a meta do advogado Cristiano Zanin Martins é conseguir acesso aos documentos e arquivos originais dos servidores da Odebrecht, apreendidos no país europeu, que os suíços repassaram ao Brasil. A suspeita da defesa de Lula é de que a cooperação entre os procuradores tenha ocorrido fora dos canais oficiais, o que poderia anular as provas.
Os arquivos da Odebrecht repassados pela Suíça foram usados pela Lava Jato para apontar supostos pagamentos ilegais da Odebrecht para compra do terreno do Instituto Lula. De acordo com documentos acessados por investigadores brasileiros, Lula teria recebido R$ 12 milhões da construtora como propina.
Mas a defesa do ex-presidente aponta que a denúncia da Lava Jato não toma como base as planilhas originais obtidas pelas autoridades suíças, mas sim uma cópia do material entregue no Brasil pela própria Odebrecht. Advogados dizem, inclusive, que os documentos foram adulterados pela construtora.
O ex-procurador suíço Stefan Lenz, verdadeiro cérebro da Lava Jato na Suíça, fez lobby com seus colegas da operação de Curitiba para que fosse contratado pela Petrobrás. Pedido foi formalizado em carta enviada ao procurador Orlando Martello, da Lava Jato, que também faz parte dos documentos obtidos pela defesa do ex-presidente Lula, após a liberação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 20 de abril de 2016, uma outra mensagem de Dallagnol ao grupo de procuradores mostrava como Lenz dialogava com frequência com os brasileiros e fazia sugestões até mesmo sobre as operações das empresas sob suspeita.
"Caros, o Stefan (Lenz) me pediu para dizer para a empresa que se quer cooperar na Suíça teria que substituir advogados", escreveu Dallagnol. "Achei que não caberia dizer isso para a empresa, por isso coloquei a info na mesa e coloquei como algo que eles devem considerar", apontou.
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