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    “É preciso escutar a voz das cidades”, diz Lula ao receber documento com 36 demandas de prefeitos do U20

    Lula participou da cerimônia de encerramento das atividades dos representantes das cidades do G20, no âmbito da liderança brasileira do fórum

    (Foto: Foto: Ricardo Stuckert/PR)

    Agência Gov - Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva participou neste domingo, 17 de novembro, da Plenária dos Prefeitos do Urban 20 (U20), no Armazém da Utopia, no Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, Lula recebeu do prefeito do Rio, Eduardo Paes, um documento com 36 demandas dos prefeitos do G20 para repensar as cidades, reduzir as desigualdades no espaço urbano e enfrentar as mudanças climáticas.

    “É fundamental que este encontro ocorra às vésperas da Cúpula de Líderes do G20. É preciso escutar a voz das cidades e eu estou confiante de que os trabalhos desta reunião do U20 serão muito produtivos”, ressaltou o presidente, na cerimônia de encerramento das atividades do U20.

    Assinado por prefeitos e representantes de 26 cidades do U20, mais sete cidades observadoras e 25 cidades convidadas, o documento do grupo está dividido nos mesmos três eixos da presidência brasileira no G20: combate à fome e à pobreza; desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e transição energética justa; e reforma das instituições de governança global.

    TRANSIÇÃO ECOLÓGICA — Lula afirmou que o planejamento urbano terá um papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento à mudança do clima. “As cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana. Elas não podem ser negligenciadas nos novos mecanismos de financiamento da transição climática. Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global. Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles”, disse. Nesse contexto, o presidente reforçou que uma das prioridades brasileiras é a reforma da governança global, inclusive de sua arquitetura financeira e dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento.

    COMBATE À POBREZA — Já o combate às desigualdades, à fome e à pobreza foi classificado pelo presidente como essencial para a implementação do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 11 sobre cidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis. “A imensa riqueza gerada nas megalópoles não chega ao bolso dos trabalhadores que as habitam. O conhecimento criado muitas vezes não alcança suas crianças”.

    SEGURANÇA — Lula pontuou ainda que um quarto dos habitantes do planeta vive em assentamentos precários, que demandam políticas públicas amplas e eficazes. “No Brasil, as mulheres negras são maioria nesses territórios. Seus filhos são as maiores vítimas da desigualdade e da violência urbana, que todos os anos cobra um número de vidas semelhante aos das guerras mais violentas. Por essa razão, tenho defendido um novo pacto federativo, com o envolvimento de todos os Poderes, para colocar a segurança pública como prioridade nacional e manter nossa juventude viva”, declarou.

    AVANÇOS — Na cerimônia, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enfatizou que “grupos de engajamento como o U20 desempenham um papel essencial ao permitir que o G20 cumpra seu papel de dar voz e protagonismo a atores além dos governos". Ele também apontou os principais avanços do G20 a partir da condução brasileira. “Ao nos aproximarmos do fim da nossa presidência do G20 creio que obtivemos excelentes resultados ao longo desses últimos 12 meses. Criamos a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já tem significativa adesão internacional. Avançamos nas discussões da força-tarefa para a mobilização global contra a mudança do clima e alcançamos o consenso no grupo para a adoção do chamado à ação sobre a reforma da governança global que conta com a adesão de cerca de 50 países até o momento”, disse.

    APOIO — Anfitrião de mais de 60 prefeitos e delegações de mais de 100 cidades ao redor do mundo, o prefeito Eduardo Paes destacou em seu discurso a reivindicação de financiamento para mitigar as mudanças climáticas nas cidades. “Nós reconhecemos os esforços da presidência brasileira na trilha financeira do G20, sobretudo em avançar a necessária reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento e pedimos que os governos do grupo se comprometam com investimentos em ação climática local de pelo menos 800 bilhões de dólares anuais até 2030 para projetos climáticos de mitigação e adaptação urbanos, como passo crítico para estimular investimentos privados e melhorar o acesso dos governos locais aos recursos necessários”, declarou.

    FÓRUM — Iniciado na última quinta-feira (14), o U20 foi realizado paralelamente ao G20 Social, iniciativa que reuniu as reivindicações da sociedade civil. Ambos eventos antecedem o encontro entre os chefes de Estado do G20, na segunda-feira (18) e na terça-feira (19).

    Atualmente, além de 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.

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