Economista do PSDB que quis liquidar salário mínimo adere a teses de Lula
O economista Armínio Fraga, responsável pela elaboração dos programas econômicos do PSDB e que já defendeu o fim da política de aumentos reais para o salário mínimo, alegando que isso era ruim para a economia, saiu em defesa do SUS, dos investimentos em políticas sociais e da redução da desigualdade, temas que sempre foram defendidos pelo ex-presidente Lula e pelo PT. A admissão de que as políticas neoliberais, implementadas em ritmo acelerado pelo governo Jair Bolsonaro, são um erro pode ser considerado um movimento inédito pela centro-direita no país
247 - Responsável pela elaboração dos programas econômicos do PSDB, o economista Armínio Fraga – que já defendeu o fim da política de aumentos reais para o salário mínimo alegando que isso era ruim para o crescimento da economia – saiu em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos investimentos em políticas sociais, temas que sempre foram defendidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo PT, em um movimento que pode ser considerado inédito pela centro-direita no país. Para ele, caso as deduções com gastos com saúde fossem excluídas do Imposto de Renda “possivelmente essas pessoas estariam muito mais interessadas no SUS e a discussão política tivesse avançado mais”.
“No Brasil, a tributação é muito horizontal, e chega ser regressiva [mais ricos pagam proporcionalmente menos tributo] com a possibilidade de deduzir despesas com educação e saúde. Precisamos discutir a questão do financiamento”, disse Fraga em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Segundo ele, “o objetivo em última instância seria termos uma classe média enorme, próspera, confortável e segura. Mas, se a dedutibilidade não existisse, possivelmente essas pessoas estariam muito mais interessadas no SUS e a discussão política tivesse avançado mais”, afirmou.
“Divergências acabaram beneficiando os extremismos. O centro não pode repetir esse erro. E mesmo economistas mais liberais já admitem incorporar a política social na formulação de políticas econômicas”, admitiu. Ainda segundo Armínio Fraga, os “investimentos sociais podem reforçar as instituições democráticas. Se melhora a educação, as pessoas fazem escolhas políticas com mais segurança. No caso do Brasil, as ameaças vêm se concretizando, e são ameaças não só no conteúdo como também na forma”.
Embora não tenha citado abertamente Jair Bolsonaro, Armínio foi enfático ao dizer que o Brasil tem vivido momento de “ameaças à democracia, aos valores universais em geral. Análises têm sido feitas pelos nossos melhores cientistas políticos, sociólogos, e o dano existe. Só não vê quem não quer”.
Há duas semanas, Fraga já havia admitido em entrevista à Globonews que a atual situação econômica e política “está pior do que antes” e que “não há” perspectiva de melhora no horizonte. Na ocasião ele também afirmou que a prioridade número ‘ deveria ser a redução da desigualdade que, segundo ele, impede o crescimento". “Sem diminuir a desigualdade não há como crescer. E a desigualdade sequer está na pauta do governo”, disse na ocasião.
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