Eleição de Lula foi 'indesejada', mas 'infelizmente aconteceu', disse general Paiva antes de assumir o comando do Exército
General Tomás Paiva foi gravado em 18 de janeiro falando a subordinados sobre a eleição de Lula e negando fraude nas urnas
247 - O atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou durante uma conversas com subordinados que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República era "indesejada" pela maioria dos militares, mas "infelizmente" aconteceu. Segundo a Folha de S. Paulo, a declaração de Tomás Paiva foi feita durante uma reunião com oficiais do Comando Militar do Sudeste no dia 18 de janeiro. Ele foi indicado para o comando do Exército três dias depois.
Na conversa, divulgada pelo podcast Roteirices, Tomás Paiva diz que os militares haviam participado do processo eleitoral sem que fossem encontradas irregularidades e que, por isso, era preciso aceitar o resultado das urnas. "Não dá para falar com certeza que houve qualquer tipo de irregularidade [na eleição]. Infelizmente, foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu", disse o general.
"A diferença nunca foi tão pequena, mas o cara fala assim: ‘General, teve fraude’. Nós participamos de todo o processo de fiscalização, fizemos relatório, fizemos tudo. Constatou-se fraude? Não. Eu estou falando para vocês, pode acreditar. A gente constatou fraude? Não", disse o militar em um outro trecho da reunião.
"Este processo eleitoral que elegeu o atual presidente e que não elegeu o ex-presidente foi o mesmo processo eleitoral que elegeu majoritariamente um Congresso conservador. Elegeu majoritariamente governadores conservadores", destacou Paiva. Para ele, era preciso reconhecer que "nós estamos na bolha fardado, militarista, de direita e conservadora" e que "existe outra bolha, e ela não é pequena".
Ao falar sobre os atos terroristas do dia 8 de janeiro, quando militantes bolsonaristas e de extrema direita depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, Tomás Paiva observou que “havia um entendimento do comandante em chefe das Forças Armadas, que era o presidente da República [Jair Bolsonaro], que não era para mexer [nos acampamentos], que era legítimo. Não teve nenhuma intercorrência, ninguém se manifestou [pelo término dos atos], nem a Justiça, nem o Ministério Público, não teve nada.
Ele também criticou os pedidos de intervenção militar feitos por bolsonaristas. "Imagina se a gente tivesse enveredado para uma aventura. A gente não sobreviveria como país. A moeda explodiria, a gente ia levar a um bloqueio econômico jamais visto. Aí sim iria virar um pária e o nosso povo viveria as consequências. Teria sangue na rua. Ou vocês acham que o povo ia ficar parado? Não ia acontecer, cara", afirmou.
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