Em posse, Anielle Franco promete ações contra 'política de guerra nas favelas que dilacera famílias
A ministra da Igualdade Racial também citou Marielle Franco e defendeu 'um país onde uma mulher negra acesse diferentes espaços sem ter a vida ceifada com tiros na cabeça'
247 - Em discurso de posse nesta quarta-feira (11), em Brasília (DF), a nova ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, prometeu medidas contra os assassinatos de negros do Brasil e indígenas no Brasil. De acordo com a nova titular da pasta, é preciso "encarar a realidade de que a política da guerra nas favelas e periferias nunca funcionou". "Apenas segue dilacerando famílias e alimentando um ciclo de violência sem fim".
A nova ministra também criticou o assassinado da irmã dela, a ex-vereadora da cidade do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), morta em março de 2018 pelo crime organizado na capital fluminense. Anielle defendeu "um projeto de país onde uma mulher negra possa acessar e permanecer em diferentes espaços sem ter sua vida ceifada com tiros na cabeça".
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"O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido em nossa sociedade. Desde o dia 14 de março de 2018, dia em que tiraram Marielle da minha família e da sociedade brasileira, tenho dedicado cada minuto da minha vida a lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes de minha irmã", afirmou.
Em novembro do ano passado, oInstituto Sou da Paz apontou no relatório Violência Armada e Racismo que a taxa de homicídios por 100 mil habitantes de negros em 2020 no Brasil foi de 51, número quase quatro vezes maior do que a de homens não negros (14,6).
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"Já passou da hora de pararmos de repetir as fórmulas fracassadas", continuou a ministra. "Não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade".
Na cerimônia, Anielle citou Sônia Guajajara, que foi empossada como a nova ministra dos Povos Indígenas, nesta quarta. "Contem com o ministério (da igualdade) para defender os indígenas".
O caso Marielle
A então vereadora Marielle Franco (PSOL) foi assassinada em março de 2018 na região central do município do Rio. Os atiradores efetuaram os disparos em um lugar sem câmeras e, antes do crime, havia perseguido o carro onde ela estava por cerca de três, quatro quilômetros.
A ex-parlamentar era ativista de direitos humanos. Fazia denúncias contra a violência policial nas favelas e criticava a atuação de milícias.
Duas pessoas foram presas por causa do assassinato. Uma foi Ronnie Lessa, que, segundo as investigações, deu os tiros que mataram a ex-vereadora. A outra foi Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos e que, segundo as investigações, dirigia o carro no momento do crime.
Os dois acusados do crime tinham proximidade com Jair Bolsonaro (PL). Lessa morava no mesmo condomínio do atual ocupante do Planalto no município do Rio. Queiroz apareceu em uma foto com Bolsonaro, que teve o seu rosto cortado na imagem.
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