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Espanha busca corpos em cenário de 'terra arrasada' após pior enchente do século que deixou 140 mortos

O ministro dos Transportes e da Mobilidade, Óscar Puente, afirmou que as equipes de resgate ainda estão encontrando corpos dentro de veículos submersos

(Foto: REUTERS/Miguel Pereira Purchase Licensing Rights)

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247 - A Espanha enfrenta uma das piores catástrofes climáticas de sua história recente, com enchentes violentas que já causaram 140 mortes e deixaram dezenas de desaparecidos, segundo informações do G1. Desde terça-feira (29), chuvas torrenciais vêm devastando cidades e vilarejos, especialmente na região de Valência, onde as águas arrastaram veículos, destruíram estradas e inundaram casas, deixando para trás um rastro de destruição.

O ministro dos Transportes e da Mobilidade, Óscar Puente, afirmou que as equipes de resgate ainda estão encontrando corpos dentro de veículos submersos. "Ainda há corpos presos dentro de carros atingidos pelas enchentes", relatou. Segundo Puente, cerca de 80 quilômetros de rodovias estão bloqueados ou severamente danificados, muitas vezes obstruídos por veículos abandonados pela força da correnteza. As tempestades afetaram de maneira especialmente grave os arredores de Valência, onde vilarejos como Turís e Utiel registraram um volume de chuva equivalente ao esperado para o ano inteiro.

A Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) prevê mais chuvas para esta quinta-feira, o que coloca a região de Valência sob alerta amarelo e Castelló de la Plana, ao norte, em alerta vermelho, com possibilidade de até 180 mm de precipitação em apenas 12 horas. Os alertas foram emitidos enquanto os esforços de resgate ainda estão em andamento e equipes de emergência se desdobram para atender à população isolada.

O impacto ambiental e a força destrutiva das águas têm levantado preocupações quanto à preparação das autoridades para lidar com eventos climáticos extremos. O governo regional tem sido criticado por não enviar alertas de enchente via celular até a noite de terça-feira, quando muitas áreas já estavam alagadas. A tragédia levou o primeiro-ministro Pedro Sánchez a visitar a região e declarar luto oficial de três dias no país. “A tempestade ainda não acabou; é essencial que as pessoas fiquem em casa e sigam as recomendações dos serviços de emergência”, alertou Sánchez.

A cidade de Valência, a terceira maior da Espanha, e seus arredores foram intensamente afetados. Carros empilhados e postes derrubados ainda cobrem diversas ruas, e móveis domésticos boiam entre a lama acumulada. Mais de mil soldados se juntaram às equipes locais para intensificar as operações de resgate e buscar sobreviventes e corpos. Margarita Robles, ministra da Defesa, afirmou que "somente os soldados já haviam recuperado 22 corpos e resgatado 110 pessoas até a noite de quarta-feira".

Entre os relatos dramáticos, vídeos mostram cenas impactantes de pessoas se abrigando em árvores para escapar da correnteza, enquanto outras aguardavam socorro em telhados de casas. Em uma ação arriscada, cerca de 70 pessoas foram resgatadas de helicóptero nas áreas mais afetadas. Uma mulher foi vista sendo retirada com um cachorro no colo e água na altura do pescoço, em uma das imagens que rapidamente viralizou nas redes.

A Espanha, país habituado às chuvas de outono, nunca testemunhou uma enchente de tamanha intensidade nesta região, segundo a Aemet. Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, apontando que a crise climática aumenta a frequência de eventos extremos, como enchentes e secas prolongadas, além de aquecer o Mar Mediterrâneo, intensificando as tempestades. Comparada às enchentes históricas de 1982 e 1987, a atual tragédia já supera em impacto e extensão as mais recentes de 2019, destacando a vulnerabilidade crescente da região frente às novas condições climáticas.

Para o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, as enchentes na Espanha são um alerta mundial sobre a urgência da cooperação climática. Em mensagem divulgada no X, Lula escreveu: "As imagens das chuvas na Espanha causam espanto e nos unem em solidariedade aos espanhóis. Até o momento, mais de 60 pessoas morreram após as enchentes no sul e leste da Espanha. Os efeitos da crise climática são devastadores e têm atingido o Brasil e outros países. Precisamos de mais unidade nas ações entre os países do mundo para frear seu avanço".

Com o aumento da gravidade dos eventos climáticos, cientistas alertam para a necessidade de investimentos robustos em infraestrutura para conter enchentes, além de um planejamento urbano adaptado à realidade climática do século XXI.

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