Governo Bolsonaro atuou 84 vezes no exterior para comprar cloroquina e interceder em nome de farmacêuticas brasileiras
Telegramas enviados à CPI da Covid mostram os esforços do governo federal para adquirir o medicamento sem eficácia contra a Covid-19. Índia foi o principal negociador, mas a compra nunca teve sucesso
247 - Em ao menos 84 ocasiões, o governo federal buscou adquirir do exterior o medicamento hidroxicloroquina, que não possui eficácia comprovada contra a Covid-19, mostram telegramas do Itamaraty enviados à CPI da Covid e obtidos pelo Globo.
Os telegramas mostram que os esforços estiveram concentrados com a Índia, mas também os Estados Unidos. Os contatos ocorreram até junho do ano passado, enquanto o governo investia no aumento da produção do medicamento pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFex).
Diante das limitações de exportação de medicamentos da Índia, Jair Bolsonaro chegou a falar diretamente com o primeiro-ministro Narendra Modi, em abril do ano passado. No telefonema, Bolsonaro "intercedeu em nome de empresas brasileiras, pedindo que a Índia liberasse a exportação dos produtos", segundo a reportagem do Globo.
No final das contas, a compra não teve sucesso. "Após consulta à área técnica pertinente, cujo parecer encaminho em anexo para conhecimento, este ministério entende não ser necessário proceder com a aquisição do medicamento", escreveu Flavio Werneck, Assessor Especial do Ministério da Saúde para Assuntos Internacionais.
A Diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, Sandra de Castro Barros, reforçou a atuação do governo brasileiro em favor das farmacêuticas que produzem cloroquina. Ela diz que o MRE atuou por "ações de exportação ao Brasil, em favor de empresas produtoras do medicamento hidroxicloroquina para atender ao mercado interno".
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