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    Há dez anos, Dilma criava a Comissão da Verdade

    Jornalista Camilo Vannuchi destaca que a Comissão Nacional da Verdade, criada no governo Dilma Rousseff e que completa dez anos nesta quinta-feira (18), "continua tão necessária em 2021 quanto era em 2011” em função "do genocídio, das milícias, do terrorismo de Estado, da ode à burrice e à desinformação"

    (Foto: ABr)
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    247 - O jornalista Camilo Vannuchi destaca, em sua coluna no UOL, que a Comissão Nacional da Verdade, que completa dez anos nesta quinta-feira (18), foi criada no governo Dilma Rousseff para investigar os crimes cometidos pelos militares durante a ditadura. “Em 18 de novembro de 2011, Dilma Rousseff ousou reunir militares e familiares de mortos e desaparecidos políticos num mesmo ambiente para assinar a Lei 12.528, que autorizava a criação da Comissão Nacional da Verdade, "com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (1946 a 1988), a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional." A assinatura dessa lei foi, em si, um ato de bravura”, ressalta o colunista. 

    Vannucchi destaca que a Comissão da Verdade ganhou destaque na imprensa apenas no dia seguinte à sua criação, quando o jornal O Globo publicou “matéria de página inteira e chamada com foto na primeira página: ‘Na presença de ex-ativistas contra a ditadura e dos comandantes militares, ela destacou o fato histórico e garantiu que não haverá revanchismo’, dizia a nota, referindo-se à presidente. Olha lá o revanchismo de novo. No Brasil de 2021, seremos nós os revanchistas? Os que buscam o corpo de Amarildo? Os que exigem apuração rigorosa do assassinato de Marielle Franco? Os que não concebem tamanho descaso com a vida e tanta demora para adquirir e aplicar vacinas? Os que tremem de indignação diante das declarações mentirosas de um presidente genocida, das aglomerações patrocinadas por ele, da campanha realizada por ele contra as máscaras e contra o distanciamento social?”, questiona ele no artigo. 

    Segundo ele,  “na distopia abestalhada que assola o Brasil de Bolsonaro - do genocídio, das milícias, do terrorismo de Estado, da ode à burrice e à desinformação -, Comissões da Verdade continuam tão necessárias em 2021 quanto eram em 2011”. “Porque falta acertar as contas com um passado de autoritarismo e perseguição. Porque a interpretação dada pelo STF à Lei da Anistia, redimindo assassinos e torturadores, é uma vergonha sem tamanho. Porque florestas e populações indígenas voltaram a ser dizimadas em ritmo escandaloso. Porque Amarildo continua desaparecido. Porque pretos e pobres continuam a carne mais barata do mercado. Porque uma suposta ameaça comunista continua no topo do ranking das maiores lendas urbanas desde o advento da República. Porque seguimos contando nossos mortos: as vítimas do racismo e do negacionismo, os CPFs cancelados pela polícia militar (com o aval dos governantes), os mártires da luta por direitos humanos”, justifica Vannuchi.

    “Na data de hoje, dez anos após a assinatura da Lei 12.528, a efeméride será lembrada em um seminário promovido pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo ‘Rubens Paiva’, que funcionou na Assembleia Legislativa entre 2012 e 2015, sob a presidência do ex-deputado estadual Adriano Diogo. O evento terá uma modesta audiência presencial no Centro Universitário Maria Antônia - sede da faculdade de Filosofia da USP até os primeiros anos do regime de exceção - e será transmitido ao vivo, das 14h às 18h, na página do CAAF-Unifesp no YouTube. Dilma Rousseff deve falar, por videoconferência, às 15h30”, finaliza o texto.

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