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    "Hoje é um dia histórico para quem sonha em fortalecer a democracia", diz Lula ao selar aliança com Marina

    Ex-presidente se comprometeu a acolher as sugestões de Marina para a agenda ambiental: "será levada muito a sério"

    (Foto: Reprodução)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - O ex-presidente Lula (PT) recebeu nesta segunda-feira (12) o apoio oficial da ex-ministra Marina Silva (Rede-SP) - candidata a deputada federal - à sua candidatura e afirmou se tratar de "um dia histórico para o PT, para a nossa candidatura e para quem sonha em fortalecer a democracia no nosso país".

    Ele declarou nunca ter se afastado ideologicamente de Marina, mas reconheceu que certas "decisões" os separaram. "Eu nunca estive tão distante politicamente, ideologicamente da Marina. Acho que na política de vez em quando nós tomamos decisões, essas decisões nos fazem percorrer determinados caminhos. Nem sempre a gente se encontra nesse caminho, mas também tem momentos na história em que a gente se reencontra".

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    O petista disse que sua aliança com Marina mostra que em uma democracia é possível que divergentes convivam em harmonia. "Esse reencontro é importante por algumas razões, não apenas pela qualidade de programa que a Marina apresenta, mas muito mais pelo momento político que a gente está vivendo. A minha geração não estava habituada a fazer política disseminando ódio e violência como nós estamos vendo agora. O momento que estamos vivendo exige muito mais compreensão de todas as pessoas que fazem política, porque a democracia está correndo risco nesse país". 

    O ex-presidente citou, então, os assassinatos de Marcelo Arruda por um bolsonarista e o caso de Dona Ilza como exemplos dos tempos de intolerância nos quais o país mergulhou. "Os exemplos estão dados. Vocês viram agora um companheiro do PT assassinado no dia do seu aniversário, viram um companheiro quase ser decapitado por outro no Mato Grosso e vocês viram a cena grotesca, vergonhosa, humilhante do comportamento de um reacionário bolsonarista entregando uma cesta básica para uma companheiro que necessitava do alimento e teve a pachorra de perguntar em quem ela ia votar. E vocês viram a cena, que quando ela disse que ia votar no Lula o cara então ficou fazendo insinuações para os amigos dele dizendo que ela não merecia mais cesta básica. Ainda mandou ela pedir para mim. Ele não precisa mandar ela pedir para mim, porque a única razão que eu tenho de voltar a ser candidato a presidente da República é que nós temos que fazer mais do que fizemos. E eu não quero nem usar a palavra 'governar', nós temos que usar a palavra 'cuidar', porque o povo brasileiro precisa de cuidado, e sobretudo o povo mais pobre, aquele que não teve uma oportunidade na vida, que não tem uma profissão, que está há vários anos sem receber aumento do salário mínimo, aquele que está vendo seu filho na escola estudante sem merenda, aquele que está vendo um presidente que cria o orçamento secreto em detrimento da necessidade do dinheiro ser repassado para as pessoas mais pobres desse país. As pessoas estão vendo que a nossa democracia está fugindo pelos nossos dedos".

    "Nós então, nesse momento histórico da presença da Marina aqui nesse humilde comitê, é uma demonstração de que a democracia pode ser exercida mesmo quando você tem divergências pontuais com outra pessoa. Digo sempre que a democracia não é um pacto de silêncio, a democracia é uma sociedade em ebulição, em movimento, uma sociedade à procura de conquistas de coisas melhores para sua família, para seu bem-estar. Essa democracia a Marina faz parte dela", complementou.

    Lula destacou conhecer a trajetória de Marina e rasgou elogios à ex-ministra. "Eu conheci a Marina ainda menina, no Acre, acho que tinha no máximo 20 anos de idade. Conheci a Marina já querendo fazer a revolução nos anos 80, final dos anos 70. Vejo a Marina como uma pessoa que não mudou seus princípios, suas convicções. O Brasil que ela quer construir continua intacto na Marina que eu conheci e na Marina de hoje, obviamente que hoje mais madura. Vejo a Marina muito mais experimentada e até mais ousada. O programa que ela apresenta é ousado, em um país que precisa levar mais a sério a questão ambiental. O mundo está exigindo do Brasil um comportamento civilizado, que nos obriga a ter em conta que não haverá discussão sobre projeto de desenvolvimento se você não colocar a questão ambiental na mesa e no programa. Até porque tem muita gente nos vigiando, olhando o que o Brasil está fazendo".

    Ele voltou a defender a necessidade de transformar o Brasil em "protagonista internacional na questão do clima" e falou que não pretende transformar a Amazônia em "santuário". "A Amazônia tem que ser pesquisada, estudada soberanamente sob o controle do Brasil, mas nós precisamos compartilhar com a ciência do mundo".

    Já citado pelo ex-presidente em outras oportunidades, o "reforço da governança global" também passa pela agenda ambiental. "Na questão do clima, nós não podemos mais participar de fóruns internacionais, tomarmos decisões importantes e depois essas decisões ficam para serem aprovadas no Estado nacional. Quando você chega dentro do Congresso, muitos países não conseguem aprovar, então a decisão ficou inócua".

    Para o petista, já é consenso a necessidade de cuidar do meio ambiente. Ele falou novamente em financiamento externo para que o Brasil cumpra este papel. "Se há 20 anos se dizia que a questão climática era uma questão de professores da USP, de professores da universidade, hoje a humanidade está se dando conta de que se a gente não trabalhar com seriedade, a gente vai sofrer as consequências, porque estamos destruindo o mundo em que nós vivemos. E eu não quero partilhar daquele mundo em que os seres humanos, que somos tidos como inteligentes, estão destruindo sua própria casa. Então a questão ambiental será levada muito a sério, já está sendo levada muito a sério no programa da frente. Será levada muito a sério com a inclusão das propostas da companheira Marina. E essa reunião de hoje é uma demonstração de que nós estamos mostrando ao mundo que nós queremos fazer mais, mais e melhor, que queremos construir parcerias, recuperar o fundo que conseguimos criar com Alemanha e Noruega e arrumar dinheiro. Obviamente que o mundo rico que precisa que o mundo em desenvolvimento possa cuidar da questão ambiental, é preciso financiar esse novo modelo de desenvolvimento socioambiental. E o Brasil é um país que pode chefiar e ser o líder nessa nova discussão".

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