Lava Jato falava em "destruir" J&F em acordo de leniência, revela Operação Spoofing
Procuradores se articularam para "compensar" suposta percepção de "impunidade" gerada pela delação dos donos da empresa, mostram novos diálogos
247 - Novos diálogos vazados no âmbito da Operação Spoofing revelam discussões internas onde membros da força-tarefa da Lava Jato expressaram intenções de "destruir" a J&F durante as negociações de um acordo de leniência, informou a coluna Grande Angular do portal Metrópoles. Os diálogos, datados de maio de 2017, expõem uma estratégia agressiva adotada pelos procuradores para "compensar" a suposta percepção de "impunidade" gerada pela delação dos donos da empresa, Wesley e Joesley Batista.
Os diálogos ocorreram após a divulgação da delação de Joesley Batista.
O vazamento das mensagens aponta críticas ácidas da Lava Jato à postura da Procuradoria-Geral da República (PGR) diante da reação negativa ao conteúdo da delação. Os procuradores da Lava Jato discutiram maneiras de reverter essa percepção, planejando uma abordagem mais severa durante as negociações do acordo de leniência.
Em uma das mensagens, publicada às 15h32 de 20 de maio, um membro do grupo sugere: "Agora é ir contra a empresa e destruí-la". Embora a autoria não seja explicitamente confirmada, a reportagem da coluna atribui a mensagem ao ex-procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima "porque esse mesmo usuário compartilhou com os colegas do grupo um post que faria no Facebook e, ao fim do texto, tinha a assinatura com [seu] nome completo".
Em seguida, o mesmo ex-procurador acrescentou: “temos que ir pro ataque. Nosso pessoal é muito defensivo. Não há muito o que defender sobre os acordos de colaboração, salvo dizer que a quantidade dos fatos e a importância deles, especialmente considerando a necessidade de ser fechado rapidamente o acordo por causa do sigilo, foram as causas do benefício. Por outro lado, isso será compensado com a leniência ou com o patrimônio da empresa. Vamos manter pressão”.
As articulações também envolviam o ex-procurador Deltan Dallagnol, que afirmava manter contato com a PGR após uma nota divulgada pelo órgão sobre o caso, a qual considerou "péssima".
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