Lula conclama a sociedade para pacto com o poder público por uma 'revolução cultural' na educação
“Não temos o direito de deixar para os nossos netos esse país capengando do ponto de vista da educação”, afirmou o presidente
247 - Em um segundo discurso nesta sexta-feira (26) durante uma apresentação do Ministério da Educação sobre a situação do ensino brasileiro, o presidente Lula (PT) fez uma espécie de convocação da sociedade brasileira para um pacto com o poder público por uma "revolução cultural" na educação do país.
Ele afirmou que "já faz tempo e a gente continua com um problema sério na educação" e defendeu uma política robusta "de Estado" para a área. "O que estamos tentando fazer agora é tentar trazer vocês como cúmplices de uma política que não pode ser de governo, que tem que ser do Estado brasileiro. E para ela ser do Estado brasileiro, ela tem que ter a participação da comunidade, dos educadores desse país. Porque se não cada governo e cada ministro entra e inventa uma política, faz um projeto de lei, esse projeto de lei muda o que tinha e começa uma coisa nova. Aí vem outro ministro, muda outra vez e as coisas nunca acontecem definitivamente. O ideal é que a gente faça essa política ser compreendida por cada prefeito, no município mais distante, por cada governador". >>> "Está acontecendo um desastre na educação brasileira", diz Lula
A situação atual da educação brasileira, segundo avaliou o presidente, é uma herança dos séculos de escravidão praticados no Brasil e somente uma "revolução cultural" poderá alterar este cenário. "O que estamos vivendo é o que foi plantado. Estamos colhendo os 350 anos de escravidão. Nós ainda vivemos sobre um país em que a elite governante não acreditava na educação para todos. Universidade era privilégio. A pessoa ia fazer um curso universitário a depender do berço em que ela nascia. (...) Tirar esse país dessa situação é uma revolução cultural que vai depender de toda a sociedade brasileira. Tudo isso que foi anunciado aqui, para que a gente possa ter sucesso, é preciso que a gente leve em conta que a imprensa é importante, que a fiscalização é importante, que o comportamento do governo estadual é importante, que o comportamento do prefeito é importante, mas sobretudo temos dois fatores que são decisivos: primeiro, a qualidade do tratamento que a gente vai dar aos educadores que vão estar com os alunos dentro da sala de aula. Se o professor não estiver sendo tratado com decência e respeito, se ele não estiver ganhando o suficiente para cuidar da sua família em casa, a tendência é ele não estar trabalhando animado. A segunda coisa é a comunidade local; tentar convencer o pai e a mãe de que eles têm que saber como é a coisa dentro da escola, como é que o professor está dando aula, se seu filho sai aprendendo a lição a cada aula, se o seu filho vai se preparar para a prova, como é o banheiro da escola, como é a área de lazer. O pai e a mãe precisam ser parceiros para que a gente possa fazer dar certo um programa desse".
Lula exaltou a iniciativa do governo de implementar escolas de tempo integral em todo o país, mas salientou a necessidade de uma fiscalização rigorosa sobre os recursos destinados a este fim. "Eu assisti num dia desses em um canal de televisão uma entrevista com alguns prefeitos falando sobre a educação de tempo integral. Os prefeitos tinham recebido o dinheiro e não tinham escola de tempo integral. Eu lembro da cara de pau de um prefeito que não sabia o que falar para o repórter quando ele perguntou ‘vocês têm escola integral?’. Ele falou: ‘aluno a gente não tem, mas a escola é de tempo integral’. Ou seja, ele já recebeu o dinheiro. Então você percebe que uma das coisas importantes que nós temos que fazer é um sistema de fiscalização. Cada companheiro governador, independentemente do partido ao qual ele pertence, cada prefeito ou prefeita tem que ter em conta que nós vamos fiscalizar seriamente esse programa. Muitas vezes a sociedade não sabe de quem é a responsabilidade no Ensino Fundamental. Se a escola está de boa qualidade, o prefeito fala que é responsável, mas se estiver ruim ele fala que a culpa é do governador ou do governo federal. Sempre foi assim e sempre será assim se a gente não tiver uma cumplicidade de responsabilidade em tirar esse país da situação no século XXI na situação que ele ficou".
"Nós não temos o direito de deixar para os nossos netos, bisnetos, tataranetos esse país capengando ainda do ponto de vista da educação", afirmou ainda o presidente.
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