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Lula critica uso da religião como instrumento político

Lula disse não aceitar que a religião seja "manipulada de forma vil e baixa" no país

Lula (Foto: Ricardo Stuckert | Pixabay)

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Reuters - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira que a religião esteja sendo "instrumentalizada por um partido político" no Brasil, após tecer uma série de críticas ao governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Falando durante a abertura de uma reunião ministerial, em Brasília, Lula ainda afirmou que não consegue compreender que a religião seja "manipulada de forma vil e baixa" no país e defendeu a "mais plena" liberdade de religião.

"Que a fé seja exercitada na mais plena liberdade das pessoas que queiram exercê-la. A gente não pode compreender a religião ser manipulada da forma vil e baixa como está sendo nesse país", disse.

O comentário de Lula ocorre em meio às contínuas tentativas do presidente de se reaproximar da comunidade evangélica do país, que tem se alinhado cada vez mais nos últimos anos ao movimento liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado anteriormente por Lula de "manipular a fé dos evangélicos".

De acordo com pesquisas de opinião recentes, os evangélicos também tem sido responsáveis pela queda de aprovação de Lula no início deste ano, muito por conta da crise diplomática entre o governo brasileiro e Israel por falas do presidente sobre o conflito na Faixa de Gaza.

Na mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada em março, a aprovação de Lula caiu para 51% em fevereiro, ante 54% em dezembro. A queda entre evangélicos foi ainda maior, de 41% para 35% nos mesmos meses em questão.

Em 18 de fevereiro, em coletiva de imprensa na Etiópia, Lula comparou as mortes de palestinos na ofensiva de Israel em Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. A pesquisa da Quaest mostrou que 69% dos evangélicos entenderam que o presidente exagerou em sua declaração, bem acima dos 60% no geral.

A posição de Lula sobre o conflito em Gaza também tem gerado ruídos com a forte bancada evangélica do Congresso.

Em janeiro, os parlamentares evangélicos se opuseram "veementemente" ao apoio do governo à ação apresentada pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça contra Israel, acusando o país de cometer genocídio em Gaza.

Em outro atrito com autoridades evangélicas, a Receita Federal decidiu revogar no início do ano um decreto editado por Bolsonaro que concedia isenção fiscal à pagamentos de líderes religiosos.

Após a repercussão negativa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu formar um grupo para estudar o assunto, afirmando que houve "uma baita confusão" sobre o entendimento da revogação.

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