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Lula detona derrubada de vetos ambientais pelo Congresso: ‘Vetamos para proteger o agronegócio’

“Essa mesma gente que derrubou meus vetos, quando a China parar de comprar soja, vai me procurar”, criticou

O presidente Lula durante a COP30 em Belém - 19/11/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar duramente, nesta quinta-feira (4), a decisão do Congresso Nacional de derrubar vetos presidenciais relacionados ao novo licenciamento ambiental. As declarações foram feitas durante a reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável.

No início de sua fala, Lula destacou o compromisso histórico de seus governos com toda a população brasileira, independentemente de preferências políticas. Ele afirmou que sua gestão, assim como as anteriores, não governa apenas para aliados, mas para os 215 milhões de brasileiros, respeitando suas diferenças. “Ninguém é eleito no meu time para governar para quem gosta. Somos eleitos para governar para 215 milhões de brasileiros com as suas diferenças. Nós queremos governar para todos, sem distinção”, afirmou.

Ao tratar dos vetos relacionados ao licenciamento ambiental — posteriormente derrubados por parlamentares — Lula foi enfático ao negar qualquer animosidade com o setor produtivo. Segundo ele, as medidas adotadas pelo Executivo tinham o objetivo de proteger o próprio agronegócio brasileiro de riscos futuros. “Nós não vetamos porque não gostamos do agronegócio. Vetamos para proteger o agronegócio”, afirmou, destacando que pressões internacionais podem afetar diretamente as exportações do país.

O presidente alertou que decisões tomadas contra critérios ambientais podem prejudicar o Brasil diante de seus principais parceiros comerciais. Ele citou China, Europa e outros mercados estratégicos, reforçando que exigências ambientais globais estão cada vez mais rígidas. “Essa mesma gente que derrubou meus vetos, quando a China parar de comprar soja, quando a Europa parar de comprar soja, quando alguém parar de comprar nossa carne, quando alguém parar de comprar nosso algodão, vai vir falar comigo outra vez: ‘presidente, fala com o Xi Jinping’; ‘presidente, fala com a União Europeia’; ‘presidente, fala com a Rússia’; ‘presidente, fala com não sei quem’”, criticou. Lula disse ainda que os parlamentares que atuaram contra os vetos sabem que estão errados.

Defendendo a ampliação da produção nacional aliada à responsabilidade ambiental, Lula afirmou que sua orientação é por um desenvolvimento que una geração de riqueza e sustentabilidade. “Eles sabem que nós queremos que a nossa produção seja cada vez maior, mas cada vez mais sustentável e limpa”, afirmou. Para ele, o compromisso brasileiro com práticas ambientais responsáveis não é pessoal, mas civilizatório. “Eu não quero o mundo limpo para mim. A gente quer o mundo limpo para todo mundo.”

O presidente aproveitou a fala para destacar o protagonismo do Brasil na transição energética global. Ele afirmou que países desenvolvidos, que historicamente ditam regras ambientais, projetam alcançar apenas 40% de energia renovável em 2050. Já o Brasil, disse Lula, atingirá 53% já em 2025. Essa comparação, segundo ele, demonstra a necessidade de o país ser tratado com respeito nas negociações globais. “Esse país não tem que se tratar como se fosse pequeno, insignificante, de terceiro mundo. Esse país tem que se tratar com respeito de um país que tem um povo capaz, trabalhador”, declarou.

Encerrando sua intervenção, Lula reforçou que a sustentabilidade ambiental não é um entrave ao crescimento econômico, mas condição para preservar a competitividade internacional do agronegócio brasileiro. A mensagem final foi de defesa da soberania e da capacidade nacional diante de desafios impostos pelo mercado global.

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