Mais uma farsa da Lava Jato: PF registrou depoimento de testemunha que sequer foi ouvida
"Ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada...", afirmou Deltan Dallagnol em referência à delegada Erika Marena durante uma conversa com Orlando Martello Júnior. "A culpa maior é nossa, fomos disciplicentes", disse Martello. Os diálogos estão em nova petição apresentada pela defesa de Lula ao STF
247 - Em nova petição apresentada pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (22), ficam evidentes novas ilegalidades cometidas pela Lava Jato. Procuradores da operação em Curitiba (PR) afirmaram, em diálogos, que a delegada da Polícia Federal Erika Marena lavrou o termo de depoimento de uma testemunha sem que ela tivesse sido ouvida.
Em uma conversa no dia 26 de janeiro de 2016, o procurador Deltan Dallagnol afirmou ao também procurador Orlando Martello Júnior: "Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada... DPFs [delegado da polícia federal] são facilmente expostos a problemas administrativos". O teor das conversas foi publicado pela coluna de Mônica Bergamo.
"Podemos combinar com ela [Erika] de ela nos provocar diante das notícias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido", respondeu Martello. "Podemos conversar com ela e ver qual estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se não fizermos algo, cairemos em descrédito. O mesmo ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los. Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos colaboradores. Erramos mesmo!", acrescentou.
"Concordo", responde Dallagnol. "Mas se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode sair muito queimada nessa... pode dar falsidade contra ela... isso que me preocupa".
Erika Marena foi a delegada responsável pela operação que perseguiu reitores em Santa Catarina, prendendo ilegalmente Luiz Carlos Cancellier, então reitor da UFSC e que se suicidou depois de uma humilhação pública com acusações de corrupção na universidade. Em 2018, ela foi convidada por Sérgio Moro para integrar a equipe dele no Ministério da Justiça. Depois da saída dele, acabou exonerada.
Na petição encaminhada ao STF, a defesa do ex-presidente Lula apontou uma "gravíssima realidade" nas conversas dos procuradores de Curitiba. "Além de terem praticado inúmeras ilegalidades contra o aqui reclamante [Lula[, a construção de um cenário em que ele ocuparia a liderança máxima de uma afirmada organização criminosa envolveu o uso contumaz de depoimentos que jamais existiram", afirmou.
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