Mensagens expõem pressão de parlamentares e do agronegócio sobre Bolsonaro para golpe de Estado
"A pressão que ele recebe é de todo mundo. Ele está… é cara do agro. São alguns deputados, né?", disse Mauro Cid em mensagem ao general Freire Gomes
24 - Uma troca de mensagens entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, revelou que o ex-mandatário sofria enfrentava pressões de deputados e membros do agronegócio para “tomar uma medida mais pesada utilizando as forças [armadas]”. As mensagens são parte de uma investigação que aponta a existência de um plano arquitetado por uma organização criminosa para cometer assassinatos e tentar um golpe de Estado no Brasil.
As informações, segundo a CNN Brasil, foram destacadas na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou uma operação da Polícia Federal nesta terça-feira (19). O objetivo da operação, batizada de Contragolpe, foi desarticular o grupo que planejava um golpe de Estado visando manter Bolsonaro no poder e assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.
"Boa tarde, General! Só para atualizar o senhor que vem acontecendo é o seguinte. O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais pesada, onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né? Mas ele sabe, ele ainda continua com aquela ideia, que ele saiu da última reunião, mas a pressão que ele recebe é de todo mundo. Ele está… é cara do agro. São alguns deputados, né?", diz Cid em uma das mensagens.
Ainda segundo Cid, Bolsonaro teria ajustado uma minuta de decreto para um golpe de Estado, deixando-o mais "enxuto". Essa minuta havia sido revelada em fevereiro de 2023 pela Polícia Federal, que indicou que o ex-mandatário participou ativamente do processo de elaboração do texto golpista,
A Operação Contragolpe foi deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (19). Os agentes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares. Entre os alvos estão quatro militares e um policial federal. Segundo a investigação, a organização criminosa era composta majoritariamente por militares das Forças Especiais, conhecidos como "kids pretos". O grupo planejava realizar os assassinatos no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O plano operacional, batizado de "Punhal Verde e Amarelo", tinha como objetivo eliminar as principais lideranças do governo eleito, instaurar o caos e criar condições para um golpe de Estado. O grupo acreditava que as mortes seriam suficientes para impedir a posse do novo governo.
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