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    Mensagens revelam que Moro, Deltan e suíços agiram fora de canais oficiais contra multinacional

    O caso em questão envolve a Trafigura, uma empresa de commodities com sede na Suíça

    Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)

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    247 - Mensagens trocadas entre procuradores brasileiros, suíços e o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro revelam um intercâmbio de informações fora dos canais oficiais sobre a multinacional Trafigura, acusada de corrupção no mercado internacional de commodities. Os diálogos, obtidos pela Operação Spoofing e divulgados pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, trazem à tona detalhes de investigações realizadas durante a Operação Lava Jato.

    As conversas incluíam procuradores da Lava Jato e autoridades suíças, que discutiam estratégias e compartilhavam dados sem registro formal. O caso em questão envolve a Trafigura, uma empresa de commodities com sede na Suíça, acusada de pagar subornos de cerca de US$5 milhões para garantir contratos no setor de petróleo em Angola. Nesta semana, a multinacional tornou-se a primeira a enfrentar julgamento criminal na Suíça por suborno a funcionário público estrangeiro.

    O intercâmbio informal foi revelado em mensagens trocadas entre 2015 e 2018, acessadas pela Operação Spoofing, que investigou o hackeamento de celulares de procuradores e de Moro. Em outubro de 2015, durante uma reunião na embaixada suíça em Brasília, um representante suíço destacou o interesse em apurar supostos pagamentos de propina pela Trafigura e outras empresas a funcionários da Petrobras.

    As investigações incluíam contratos entre a Petrobras e a Trafigura, além de suspeitas envolvendo Mariano Marcondes Ferraz, então diretor da empresa, que supostamente utilizou contas bancárias para pagamentos suspeitos. Em abril de 2016, o procurador suíço Stefan Lenz relatou, via Telegram, que estava "prestes a pedir a prisão de Marcondes", mas admitiu dificuldades para determinar se ele atuava em nome da Trafigura ou de outra empresa.

    Em outubro de 2016, o ex-procurador Deltan Dallagnol informou a Sérgio Moro, por mensagem, que Marcondes estava no Brasil e que a força-tarefa pretendia prendê-lo antes que deixasse o país. "Caro, precisamos de uma reunião urgente. Assunto: Mariano Marcondes Ferraz da Trafigura está no Brasil", escreveu Deltan. A prisão preventiva foi decretada em menos de 24 horas.

    Posteriormente, em mensagens de 2018, membros da força-tarefa coordenaram a apresentação de denúncias para coincidir com o plantão da juíza Gabriela Hardt, considerada favorável às ações da Lava Jato. "Acho ótimo se Gabriela não estiver em férias", escreveu Deltan.

    Questionados sobre as revelações, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol não comentaram o caso. As mensagens reacendem o debate sobre as práticas adotadas pela Lava Jato, incluindo a informalidade no intercâmbio de informações internacionais e as possíveis implicações para a condução dos processos judiciais. O julgamento da Trafigura na Suíça está previsto para durar até 20 de dezembro.

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