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    Metade dos políticos que mais espalham fake news é do PL e Lula é o principal alvo

    Presidente Lula foi alvo de 112 indivíduos e empresas nos últimos quatro anos

    Lula, Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto (Foto: Reuters/Carla Carniel | Reprodução)

    247 - Um levantamento realizado nos últimos cinco meses pelo UOL, com base em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no relatório final da CPI da Covid, revelou que a cada cinco difusores de notícias falsas no Brasil, um é ligado à classe política. O PL, partido de Jair Bolsonaro, abriga quase metade dos políticos identificados, totalizando 34 dos 70 incluídos na pesquisa.

    Entre as ações e inquéritos listados, houve pelo menos 480 casos de disseminação de informações falsas. Bolsonaro, por exemplo, foi multado entre R$ 30 mil e R$ 5 mil por compartilhar notícias falsas online, como aquelas que associavam o presidente Lula (PT) ao Primeiro Comando da Capital (PCC) ou que afirmavam que Marcos Willians Camacho, também conhecido como Marcola, líder dessa facção criminosa, votaria no petista.

    Em junho de 2023, Jair Bolsonaro também foi sancionado pelo TSE e se tornou inelegível por oito anos após questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas. O processo teve início com uma reunião no Palácio da Alvorada na qual ele colocou em dúvida a integridade do sistema eleitoral sem apresentar provas. Além disso, Bolsonaro também enfrenta investigações por ataques aos ministros do STF.

    Os filhos de Bolsonaro, Carlos, Eduardo e Flávio, também tiveram conteúdo removido das redes sociais. Carlos e Flávio Bolsonaro compartilharam postagens sem evidências que alegavam que Lula consumia álcool antes de eventos de campanha. Flávio e Eduardo também foram multados em R$ 30 mil por divulgar conteúdo que ligava o presidente a drogas e aborto.

    Além do clã Bolsonaro, ex-membros do governo anterior que usaram sua popularidade para se elegerem ao Congresso pelo PL também estão na lista, incluindo a senadora e ex-ministra Damares Alves, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, bem como outros ex-ministros, como Mário Frias, Ricardo Salles e Eduardo Pazuello. Antigos aliados de Bolsonaro também estão envolvidos, como Carla Zambelli, Bia Kicis, Carlos Jordy e Filipe Barros.

    Outros partidos também estão implicados, como o Republicanos (6), PTB (5), PT (4), União Brasil (4), Podemos (3), MDB (3), Progressistas (2), Democracia Cristã (2). Avante, Novo, PCdoB, PSB, PSD e PSC têm um representante cada.

    Nos últimos quatro anos, as redes sociais foram inundadas por desinformação direcionada a Lula. O petista foi alvo de 112 indivíduos e empresas. Páginas como Brasil Paralelo, Jovem Pan e Folha Política, assim como figuras famosas como Milton Neves e Latino, foram responsáveis por atacar Lula.

    Latino, por exemplo, compartilhou um vídeo manipulado no qual Lula supostamente chamava participantes de um evento do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST) de "vagabundos e traficantes". O cantor também divulgou informações falsas nas redes sociais, alegando que Lula estava a favor de instalar banheiros unissex nas escolas. Essas postagens foram removidas pelo TSE.

    O STF e seus ministros também foram alvo dos propagadores de notícias falsas, com um total de 46 pessoas sendo punidas ou investigadas por atacar a instituição. Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Edson Fachin foram citados nominalmente como vítimas.

    Entre os penalizados, destaca-se Roberto Jefferson, que foi preso por disseminar informações falsas sobre as eleições e atacar a ministra Cármen Lúcia, além de atirar em policiais federais durante um mandado de busca e apreensão em sua residência.

    Jair Bolsonaro também foi alvo de ataques por parte de 14 indivíduos. A lista de punidos por disseminação de desinformação contra ele inclui Lula, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o deputado federal André Janones (Avante-MG) e o PT. Tebet, por exemplo, foi obrigada pelo TSE a remover uma publicação na qual afirmava que Jair Bolsonaro teria cometido crime de pedofilia ao mencionar um "clima" com meninas venezuelanas. Janones também teve que retirar uma postagem falsa que culpava injustamente o PL pela suspensão do piso salarial nacional dos enfermeiros.

    O levantamento faz parte do projeto "Mercenários Digitais", que visa rastrear o negócio da desinformação na América Latina. Realizada em colaboração entre o UOL, a Agência Pública, 21 veículos de comunicação latino-americanos e quatro organizações especializadas em investigação digital, a iniciativa é liderada pelo Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística (Clip).

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