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    Militares acertaram com Lula adiamento da prisão de terroristas bolsonaristas refugiados no acampamento do QG do Exército

    Presidente queria as prisões já na noite de 8 de janeiro, mas concordou com os riscos que a ação ofereceria naquele momento. Diálogo foi tenso entre militares e o governo

    Lula e destruição de terroristas bolsonaristas (Foto: Agência Brasil)

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    247 - Após invadirem e depredarem as sedes dos Três Poderes em Brasília no último dia 8, os terroristas bolsonaristas se refugiaram em seu acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército. Diante de ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Militar do Distrito Federal compareceu ao local para efetuar a prisão dos criminosos. No entanto, o Exército negociou o adiamento da prisão e do desmonte do acampamento para a manhã do dia 9.

    Segundo a Folha de S. Paulo, os militares, além de terem discutido o adiamento com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), e com o interventor na Segurança do DF, Ricardo Cappelli, receberam o aval do presidente Lula (PT).

    O presidente queria que as prisões fossem efetuadas já naquela noite, mas concordou com os riscos que a operação ofereceria naquele momento. "Pessoas próximas ao presidente dizem ainda que o Exército comunicou Lula que havia pessoas armadas no acampamento. Os militares argumentaram que ocorreria uma tragédia caso a operação fosse realizada à noite".

    O aval de Lula foi dado ao general Gustavo Henrique Dutra, comandante militar do Planalto, durante reunião do oficial com o interventor na Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

    A reunião entre Dutra e Cappelli ocorreu na Catedral Militar Rainha da Paz, em Brasília, logo depois de os criminosos terem sido expulsos da Esplanada dos Ministérios.

    Cappelli havia determinado que a PM fosse até o acampamento efetuar as prisões, mas o Exército barrou a entrada dos policiais no local. O interventor então acionou Dino, em uma tentativa de obter apoio para a ação. Dutra, por sua vez, telefonou para o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, para argumentar que a melhor decisão seria adiar a ação para a manhã seguinte.

    Dias passou então o telefone para o presidente, que estava ao seu lado. "De acordo com relatos de pessoas com conhecimento do assunto, Dutra afirmou que uma operação noturna, sem planejamento, poderia resultar em confusão. Havia receio entre os militares de que um possível descontrole do desmonte do acampamento causasse correria, confronto com a polícia e violência. Lula concordou que, se houvesse risco de uma tragédia, seria melhor realizar a operação no dia seguinte. O presidente, porém, defendeu que os golpistas eram criminosos e que as prisões deveriam ser feitas". 

    Participaram também das negociações os ministros da Defesa, José Múcio Monteiro, e da Casa Civil, Rui Costa, e o agora ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda. "A reunião foi descrita por participantes como tensa, com posições divergentes entre integrantes do governo. Dino e Rui Costa chegaram a defender uma ação mais incisiva ainda durante a madrugada, enquanto Múcio estava alinhado aos militares a favor da operação no dia seguinte", segundo a reportagem.

    Na manhã do dia 9, 1.200 bolsonaristas foram presos e conduzidos em dezenas de ônibus para triagem na Academia Nacional da Polícia Federal. 

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