Ministério da Justiça exonera de coordenação delegado da PF investigado no escândalo Abin
Inquérito no STF aponta Carlos Afonso Gonçalves como integrante do "núcleo de alta gestão" da Abin e atuaria em conjunto com o ex-diretor Alexandre Ramagem
Por Agência Brasil - O Ministério da Justiça e Segurança Pública exonerou nesta sexta-feira (26) o delegado da Polícia Federal Carlos Afonso Gonçalves da função de coordenador de Aviação Operacional da corporação. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo secretário-executivo da pasta, Diego Galdino.
Na quinta-feira (25), Carlos Afonso foi afastado das funções por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por ter sido alvo da operação que apura o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O delegado exonerado ocupou um dos cargos de direção na Abin e foi citado nas investigações. De acordo com o inquérito que tramita no Supremo, Carlos Afonso integrava o "núcleo de alta gestão" da agência e atuaria em conjunto com o então diretor-geral Alexandre Ramagem, que também foi alvo da operação. >>> LEIA TAMBÉM: Governo Lula considera demitir cúpula da Abin após operação da PF revelar conluio para blindar espionagem ilegal
De acordo com as investigações, Ramagem, policiais e delegados da PF que estavam cedidos para a Abin, além de servidores do órgão, teriam participado de uma organização criminosa para monitorar ilegalmente autoridades públicas. O caso é conhecido como Abin paralela.
O monitoramento ilegal ocorria, segundo as investigações, por meio do uso do programa espião First Mile, comprado pela agência em 2018. Produzido por uma empresa israelense de defesa cibernética, o equipamento permite monitorar os passos dos alvos escolhidos por meio da localização do celular.
DEFESA - A Agência Brasil busca contato com a defesa de Carlos Afonso.
Na quinta-feira, após a deflagração da operação, Bolsonaro não fez comentários relacionados à operação nas redes sociais, mas publicou um vídeo antigo no qual Ramagem informa que o programa espião foi comprado na gestão do ex-presidente Michel Temer.
Ramagem classificou a operação como "perseguição" e afirmou que nunca teve as senhas do sistema de monitoramento.
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