Mourão ameaça reação das Forças Armadas após operação da PF que teve militares como alvo pela intentona golpista do 8/1
Senador e general Hamilton Mourão disse que as Forças Armadas e seus comandantes não podem se omitir” diante do que ele qualificou como um "fenômeno de desmando desenfreado"
247 - O senador e general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL), usou o plenário do Senado para afirmar que a Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal (PF) com objetivo de apurar a intentona golpista do dia 8 de janeiro do ano passado, é uma "devassa persecutória" e insinuar que "as Forças Armadas e seus comandantes não podem se omitir” do que ele qualificou como um “fenômeno de desmando desenfreado".
A operação da PF, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), teve como alvos 16 militares da ativa e da reserva que teriam participado do planejamento de uma tentativa de golpe de Estado Visando manter Jair Bolsonaro no poder, após ele ter sido derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. >>> "Ninguém é intocável", dizem integrantes do Alto Comando do Exército sobre operação da PF que mira militares pelo 8/1
Entre os alvos da operação estão Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, todos generais e antigos assessores de Jair Bolsonaro. Além disso, ex-comandantes do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, e da Marinha, Almir Garnier Santos, também foram alvos de mandados de busca e apreensão. Há mandados de prisão contra os coronéis Bernardo Romão Corrêa Netto e Marcelo Costa Câmara; e o tenente-coronel Rafael Marins de Oliveira, todos militares da ativa. Jair Bolsonaro também está entre os alvos da ação da PF desta quinta-feira.
"Não vivemos em regimes totalitários, mas estamos caminhando para isso. No caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes, ao largo da justiça", disse Mourão. >>> Urgente: PF vai para cima de Heleno e Braga Netto
Ainda segundo ele, a operação busca "caracterizar as manifestações da população como fruto de uma conspiração golpista", desqualificando assim qualquer forma de protesto contra a situação política vigente no Brasil”. A mera observação da precipitação dos acontecimentos, cada vez mais traumáticos, indica a possibilidade lamentável de um confronto de gravíssimas consequências", insinuou Mourão mais à frente. >>> Minuta do golpe previa prisão de Gilmar Mendes, Moraes e Pacheco
Pouco antes do pronunciamento de Mourão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), emitiu uma nota condenando os atos golpistas como uma "ação insensata encabeçada por uma minoria irresponsável".
Nota da Polícia Federal – A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
Estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
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