Movimento Mulheres Negras Decidem defende Anielle Franco após denúncias de assédio sexual que atingem Silvio Almeida
Anielle Franco teria sido uma das supostas vítimas do ministro dos Direitos Humanos
247 - O movimento Mulheres Negras Decidem manifestou apoio à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, após a divulgação de denúncias de assédio sexual envolvendo Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania. Em nota, a entidade ressaltou que mesmo ocupando cargos de poder, mulheres negras continuam vulneráveis a uma cultura misógina enraizada na sociedade brasileira, relata Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
O grupo expressou solidariedade a Anielle, destacando as dificuldades enfrentadas por mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ na política. "Sabemos que o espaço político nunca foi formatado para que essas pessoas o ocupassem", afirmou o movimento.
As denúncias contra Silvio Almeida teriam ocorrido no ano passado e foram feitas à organização Me Too Brasil. O ministro nega as acusações, alegando serem falsas e pediu investigação. Segundo relatos publicados pelo portal Metrópoles, Anielle Franco teria sido uma das vítimas, enfrentando situações como toques inapropriados e comentários de cunho sexual.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também tem sido alvo de denúncias de assédio moral desde o início da gestão, com dez procedimentos abertos para apurar os casos. A pasta nega as acusações.
Leia a nota do movimento Mulheres Negras Decidem:
"O movimento Mulheres Negras Decidem se solidariza com a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, neste momento tão difícil e perturbador.
Testemunhamos e reafirmamos que, mesmo ocupando espaços de poder e decisão, mulheres negras seguem desprotegidas e vitimizadas por uma cultura misógina que rege a sociedade brasileira.
Assim, entendemos que não há aqui um fato novo. Sabemos que o espaço político nunca foi formatado para que mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ o ocupassem. Não à toa, desde 1934, quando nos colocamos na disputa institucional através da advogada e sindicalista Almerinda Farias Gama, vivenciamos práticas violentas. Essas violências não constituem apenas barreiras aos direitos políticos de mulheres negras, mas, no limite, impedem o avanço democrático do país.
Marielle Franco, Dilma Rousseff, Marina Silva, Tainá de Paula, Benny, Briolly, Flávia Hellen, Talíria Petrone, Carol Dartora, Reginete Bispo, Érika Hilton Benedita da Silva... e tantas outras que ocuparam ou se projetaram em lugar de decisão na política institucional foram desrespeitadas por figuras que performam uma masculinidade agressiva e antiquada. E o que nos embrulha o estômago é que, ainda assim, esses homens são ovacionados por grupos permissivos à violência política de gênero e raça.
Por essas mulheres, e por todas as outras que não estão estampadas nas capas da imprensa patrocinada por aqueles cujos ganhos políticos se contrapõem ao interesse público e popular, seguimos incidindo e trabalhando para que mulheres negras ocupem com segurança espaços necessários para o avanço social.
Reiteramos nossa solidariedade à Anielle Franco, segunda mulher a ocupar a maior posição ministerial no Ministério da Igualdade Racial, órgão de fundamental importância para o Brasil. Seu trabalho, realizado com muito empenho, habilidade política e qualidade técnica não deve ser eclipsado por lamentáveis episódios como esse. Avante, Ministra!
#AnielleNãoEstáSó"
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