Múcio tenta amenizar insatisfação de militares com a Polícia Federal
Generais da cúpula do Exército avaliam que a Polícia Federal tenta ofuscar as Forças Armadas com operações em dias de festividades militares
247 - O aumento das investigações contra militares tem agravado as tensões entre membros das Forças Armadas e a Polícia Federal, duas instituições que têm enfrentado desconfiança mútua desde a transição de governo, diz a Folha de S. Paulo. Líderes militares, em particular, têm suspeitado que as operações da Polícia Federal coincidiram intencionalmente com datas importantes para o Exército, como festividades da instituição, como uma estratégia para prejudicá-los. Eles expressaram suas preocupações, embora sob sigilo, argumentando que todas as datas de destaque do Exército até agosto foram marcadas por operações da PF.
Por outro lado, membros da Polícia Federal negam veementemente qualquer intenção por trás de suas ações além do cumprimento de decisões baseadas em descobertas de investigações. Eles afirmam que as suspeitas de conspiração não têm fundamento. Observadores políticos acreditam que essa desconfiança dos militares em relação à PF é um sinal de deterioração nas relações entre as duas instituições. Diante dessa preocupação, o ministro da Defesa, José Múcio, e líderes militares têm trabalhado para suavizar as tensões.
Por exemplo, membros da cúpula do Exército mencionam que em 3 de maio, quando o presidente Lula (PT) se reuniu com o Alto Comando e anunciou a nomeação do general Marcos Antonio Amaro para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Polícia Federal realizou uma operação que levou à prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Eles também apontam que horas antes de Lula anunciar um grande investimento de R$ 53 bilhões para as Forças Armadas em 11 de agosto, a PF estava conduzindo uma operação contra o general da reserva Lourena Cid, pai de Cid, sob suspeita de envolvimento no caso das joias. Outra queixa dos militares é que no Dia do Exército, em 19 de abril, a CNN Brasil divulgou imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto relacionadas aos eventos de 8 de janeiro, quando ocorreram incidentes golpistas.
Para melhorar as relações entre as duas instituições, o ministro Múcio tem mantido um diálogo frequente com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. Recentemente, o ministro fez questão de visitar a PF e convidar Rodrigues para a cerimônia do Dia do Soldado, que aconteceria em 25 de agosto. "Para mim, era importantíssima a presença dele. Eu vim enfatizar, e fiz questão de vir pessoalmente, poderia dar um telefonema, mas para mim é muito importante a presença dele, do ministro Dino e de todo um governo para mostrarmos à sociedade que estamos todos de um lado só", declarou o ministro na ocasião.
Na véspera da visita de Múcio à Polícia Federal, a instituição recusou a divulgação dos nomes dos militares com os quais o hacker Walter Delgatti supostamente teria se encontrado no ano anterior. Conforme depoimentos de militares, Múcio teria utilizado o encontro para questionar o diretor da PF sobre possíveis operações que poderiam ocorrer em datas cruciais para as Forças Armadas.
Segundo relatos de policiais federais, as investigações não têm como alvo específico os militares, mas buscam esclarecer crimes de maneira abrangente e identificar responsabilidades individuais, independentemente de pertencerem às Forças Armadas ou não. Além disso, destacam que as suspeitas dos militares em relação à Polícia Federal refletem uma mentalidade corporativa voltada para a defesa dos membros fardados.
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