"Não queremos transformar a Amazônia num santuário do mundo", diz Lula ao lado de Macron e lideranças indígenas
Chefe de Estado brasileiro acompanhou condecoração concedida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, ao líder indígena Raoni
Agência Gov - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou, nesta terça-feira (26), da cerimônia de condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra ao líder indígena da etnia kayapó, cacique Raoni Metuktire. A honraria foi concedida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, na Ilha do Combu, em Belém do Pará. "Lula e eu fazemos hoje causa comum por um dos nossos amigos nessa terra que pertence a vocês. Que é um tesouro de biodiversidade, mas também de povos indígenas que aqui nasceram, cresceram e tiveram a sua tradição", disse Macron em seu discurso.
Durante a homenagem, cacique Raoni agradeceu a honraria. “Nosso trabalho tem que continuar, estamos fazendo esse trabalho pelos nossos descendentes, as pessoas do futuro precisam de nós, nossos filhos, nossos netos, bisnetos precisam que a gente faça alguma coisa agora, para o bem deles futuramente”, afirmou ao se colocar contra todo e qualquer tipo de desmatamento e exploração das terras indígenas.
Foi concedido ao cacique Raoni o grau de cavaleiro, o primeiro da Legião de Honra. A França reconhece Raoni como uma figura internacional pela causa indígena e ambiental. Ao divulgar mensagens sobre direitos humanos e proteção da floresta, ele criou a Rainforest Association em 1989 e o Instituto Raoni em 2001.
“Eu conheço muita gente no mundo que já ganhou o Prêmio Nobel da Paz, e eu posso te dizer, companheiro Raoni, não tem ninguém no Planeta Terra que mereça ganhar o Prêmio Nobel da Paz mais do que você”, destacou Lula ao reconhecer os feitos e parabenizar o líder indígena.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, reconheceu o momento como um marco para os povos originários. “Esse é um momento histórico para nós povos indígenas do Brasil", disse. "É um momento de dar as mãos pelo reconhecimento dessa luta histórica, milenar dos Povos Indígenas. É um reconhecimento do modo de vida dos indígenas em defesa das florestas, da biodiversidade”, afirmou a ministra. “Juntos, a gente vai conseguir garantir o futuro para as próximas gerações”, acrescentou a ministra. >>> LEIA TAMBÉM: Macron diz que a Amazônia é ‘cobiçada’, anuncia investimento bilionário e promete apoio aos direitos indígenas
Em seu discurso, o presidente Lula reafirmou, ainda, o compromisso do Governo Federal com o desmatamento zero. “A gente vai acabar [com o desmatamento] para provar ao mundo que nós vamos preservar a nossa Amazônia. E nós queremos convencer o mundo de que o mundo, que já desmatou, tem que contribuir para que os países que ainda têm florestas, mantenham suas florestas em pé”.
“Nós não queremos transformar a Amazônia num santuário da humanidade, o que nós queremos é compartilhar com o mundo a exploração e a pesquisa da nossa riqueza de biodiversidade, mas que os indígenas possam participar de tudo que for usufruído da terra que eles moram”, ressaltou Lula.
"Os nossos governos foram os que mais demarcaram terras indígenas e unidades de conservações e vamos continuar fazendo. Queremos chegar a 2030 com desmatamento zero. Assim queremos contribuir para que os demais países do mundo sigam o exemplo do Brasil", completou o presidente brasileiro
"Várias vezes você foi à França para defender a causa e eu me comprometi a vir aqui e estar junto com os seus, nessa floresta que é tão cobiçada. E você sempre lutou para defendê-la durante décadas. Lula e eu fazemos hoje causa comum por um dos nossos amigos nessa terra que pertence a vocês. Que é um tesouro de biodiversidade, mas também de povos indígenas que aqui nasceram, cresceram e tiveram a sua tradição", disse o presidente Francês.
Macron foi recebido pelo presidente Lula nesta terça para uma série de agendas ambientais, políticas e estratégicas. O primeiro compromisso ocorreu pela tarde, em Belém (PA), onde os presidentes participaram de reunião bilateral. Temas como o bioma amazônico, desenvolvimento econômico local, preservação ambiental e climática, promoção do comércio e integração das áreas fronteiriças fizeram parte da pauta do encontro entre os dois presidentes. A cidade de Belém vai sediar a Conferência do Clima da ONU, a COP 30, em novembro de 2025.
Ainda na Ilha do Combu, Lula e Macron conversaram com lideranças de diferentes etnias sobre os desafios enfrentados pelos indígenas e como os dois países podem contribuir com as causas indígenas.
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