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    ‘No Dia da Visibilidade Trans a gente fala de vida também’, afirma autor de ‘Transresistência’

    Jornalista Caê Vasconcelos fala da importância da data e adverte que o genocídio contra essa população pode ser impedido empregando e ampliando oportunidades

    (Foto: Tomaz Silva/EBC)

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    Rede Brasil Atual - Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta sexta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans, o jornalista Caê Vasconcelos explica que a data é importante para mostrar que homens e mulheres trans, travestis e pessoas não binárias “estão vivos e resistindo”. No país que mais mata esses cidadãos – em 2020 foram assassinadas 175 pessoas transgênero –, Vasconcelos também lembra que esse genocídio pode ser impedido empregando e permitindo que essa população tenha oportunidades de estudos e de fazer opções de vida. 

    “A importância dessa data é muito sobre isso. A gente fala de vida também no Dia da Visibilidade Trans. Temos que mostrar que estamos aqui e é necessário estarmos nesses espaços para nos mantermos vivos”, afirma, em entrevista à jornalista Maria Teresa Cruz (confira vídeo abaixo). 

    Repórter do site Ponte Jornalismo, ele é também autor do livro Transresistência: Pessoas trans no mercado de trabalho. Escrita em 2017 como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de sua graduação, a obra é resultado da busca do jornalista por contar de maneira humanizada as trajetórias e lutas dessa população. “A questão do nome social, vez outra estava na mídia. Os assassinatos sempre, porque é nesse lugar de morte e violência que contam. Mas pouco se falava do mercado de trabalho”, lembra. 

    Transresistência 

    Durante o período de construção do livro, Caê precisou lidar com a ausência de informações oficiais, a exclusão, a transfobia, e a realidade de de 90% da população trans estar na prostituição, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Mas, ao final, a obra mostrou não só diferentes histórias de resistência como, ressalta o autor, conseguiu contemplar o universo trans em sua totalidade e diversidade. 

    O trabalho foi premiado em 2018 durante o 13º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). E, atualmente, está sendo reeditado pela Dita Livros para ser relançado em fevereiro. Ao todo, 13 histórias serão contadas na obra, cinco delas da versão anterior e outras oito são novas. Incluindo a das vereadores de São Paulo, Erika Hilton e Carolina Iara, ambas do Psol. Eleitas entre as 10 maiores votações no ano passado e as primeiras travestis negras a ocuparem cargos na Câmara Municipal. 

    História e afirmação

    O livro também conta a história do próprio Caê. Além de ser um marco em sua trajetória profissional, o Transresistência foi também um projeto que o levou a uma descoberta pessoal. Aos 26 anos na época, entrevistando e conhecendo pessoas trans masculinas, o jornalista também percebeu que a história era sobre ele. Em dezembro de 2019, o escritor reivindicou sua identidade enquanto homem trans depois de um longo processo.  

    “Eu fui entendendo meu lugar no mundo. Acho muito importante me dizer homem trans para realmente quebrar essa masculinidade tóxica do ‘o que é ser homem’. Eu vou construir o homem que eu quero ser. Ainda estou nesse processo de construção e acho que essa transição não tem fim e é muito mais interna que externa”, explica. 

    O papel das pessoas cis na luta

    Toda essa trajetória de pesquisa também confirmou para ele a potência da população transgênero. Ele ressalta que as pessoas trans “só precisam de oportunidade para poder mostrar nosso trabalho e talento”. Caê também reforça a importância do papel das pessoas cisgêneras – que se identificam com o gênero atribuído no nascimento – em ouvir e garantir espaço e visibilidade às pessoas trans, hoje excluídas pelo preconceito. Como também destaca a artista plástica e assistente administrativa Violeta Soares, na Rádio Brasil Atual. Principalmente, empresários, diretores e organizações. 

    “Como as pessoas cis podem ajudar na luta? Ouvindo. Permitindo com que essa ancestralidade – porque isso não é de agora, não é uma novidade no mundo – migre o lugar onde essas pessoas estão hoje, que deem oportunidade”, garante. “É preciso dividir esse mundo que a gente tem e que é muito grande e cabe todo mundo. As pessoas trans precisam ter uma oportunidade de vida tão feliz e próspera em relação ao trabalho como outras pessoas têm”. 

    Confira a entrevista na íntegra:

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