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    PF aponta envolvimento de general e militares em articulação com 'pessoal do agro' e acampamentos golpistas

    "A gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG", disse o general Mário Fernandes

    Acampamento golpista em Brasília - 27/12/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

    247 - A Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19), aponta que integrantes do Batalhão de Operações Especiais do Exército, conhecidos como "kids pretos", estavam envolvidos na orientação de manifestantes golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército (QG), em Brasília, após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. As descobertas constam de investigações baseadas em mensagens trocadas entre militares de alta patente, incluindo o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência do governo Bolsonaro.

    Segundo o jornal O Globo, em mensagem enviada ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no final de 2022, Fernandes detalhou ações de apoio aos manifestantes e sugeriu uma interferência direta do então mandatário. “A gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG. Se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça para segurar a PF ou para a Defesa alertar o CMP (Comando Militar do Planalto)... não deixa. Pô, os caminhões estão dentro de área militar, os caras vieram aí, porra, estão há 30 dias aí deixando de produzir pelo Brasil e agora vão ter os caminhões apreendidos. Cara, isso é um absurdo”, dizia a mensagem.

    A PF classificou Fernandes como um dos militares mais radicais do núcleo próximo a Bolsonaro, apontando que ele tentou convencer o comandante do Exército à época, general Freire Gomes, a aderir a ações de caráter golpista. Fernandes também teria sugerido acionar a Polícia Federal para questionar a credibilidade das urnas eletrônicas, alimentando as narrativas infundadas sobre fraudes nas eleições.

    Os investigadores identificaram que o general comparecia frequentemente ao acampamento golpista em frente ao QG e mantinha contato direto com os manifestantes. Segundo a representação da PF, Fernandes teve papel ativo no planejamento, coordenação e execução de atos antidemocráticos. 

    "As informações apresentam fortes indícios de que Mário Fernandes, atuando em contexto de ampla capilaridade, promoveu ações de planejamento, coordenação e execução de atos antidemocráticos", destaca o documento.

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