PF tem prazo de 30 dias para analisar material apreendido com Zambelli
Em depoimento, Delgatti Netto disse que Zambelli pediu que ele invadisse as contas de e-mail e o telefone do ministro Alexandre de Moraes
Agenda do Poder - Na decisão que autorizou o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o material apreendido com a parlamentar seja analisado em até 30 dias pela Polícia Federal. No despacho, o magistrado pontuou que o conteúdo eletrônico deverá ser periciado “de forma prioritária”, com a apresentação de um relatório parcial pela corporação em prazo máximo de um mês.
“Deverá a autoridade policial: (a) proceder à oitiva dos investigados, tão logo cumpridas as medidas determinadas, observadas suas garantias constitucionais e legais; (b) identificar e proceder à oitiva de outros agentes com os quais os investigados tenham interagido mediante incitação e/ou cooptação para a prática dos crimes em apuração; (c) apresentar e gerar, quando da coleta e do armazenamento dos materiais em ambiente virtual, os códigos de verificação e de autenticação (códigos hash), com vistas à adequada manutenção da cadeia de custódia e à validade dos vestígios digitais”, escreveu o ministro.
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Nesta manhã, Zambelli foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento funcional e em seu gabinete, no Congresso Nacional. Foram cumpridos ainda mandados contra alguns de seus assessores e um de prisão preventiva contra o hacker Walter Delgatti Netto, que confessou ter invadido a plataforma e incluído uma ordem de prisão contra o Moraes.
Em coletiva de imprensa, Zambelli negou os crimes. Ela contou ter sido surpreendida pelos agentes, por volta de 6h, e ter tido um passaporte, dois celulares, além de um HD apreendidos.
— O que tenho de relação com o Walter é que o conheci, saindo de um hotel. Vivia trocando de telefone, queria falar ao vivo. Nos vimos 3 vezes e conversamos sobre tecnologia. Uma vez o ajudei a vir a Brasilia, ele disse que teria provas e serviços a oferecer ao PL e o levei a Valdemar da Costa Neto, fizemos uma reunião — disse a deputada. — Ele (Delgatti) se ofereceu para participar de uma espécie de auditoria no primeiro e segundo turno das eleições. Ele encontrou Bolsonaro, que perguntou se as urnas eram confiáveis. Nunca mais houve contato entre eles.
Em depoimento, Delgatti Netto disse que Zambelli pediu que ele invadisse as contas de e-mail e o telefone do magistrado. A solicitação teria sido feita durante um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista, em setembro de 2022.
À PF, ele disse que só conseguiu acessar o e-mail de Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao tentar acessar o celular do magistrado. Ele também alegou ter tentado invadir o sistema de segurança das urnas eletrônicas, mas também sem sucesso.
Zambelli, que chegou a levar o hacker a reuniões em Brasília, chegou a afirmar a interlocutores que sua intenção era discutir a possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para fiscalizar as urnas eletrônicas. A parlamentar levou Delgatti a um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido, e outro com o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.
Preso em 2019 na Operação Spoofing, Delgatti foi o responsável por invadir o Telegram e copiar diálogos de integrantes da Operação Lava-Jato — a denúncia de suspeição dos magistrados responáveis pela operação ficou conhecida como Vaza-Jato. O plano de Zambelli era que ele fosse contratado como um especialista em ataques cibernéticos pelo Instituto Voto Legal, indicado pelo PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para auditar as eleições em outubro — a instituição ainda aguarda o credenciamento da Corte. (Com informações do GLOBO.)
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