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    Planalto diz que visita de Tarcísio e Caiado a Netanyahu 'distorce a posição do Brasil'

    Governadores bolsonaristas viajaram a Israel em meio ao genocídio do povo palestino cometido pelo regime do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu

    Caiado, Netanyahu eTarcísio (Foto: Reprodução )

    Fábio Matos, Infomoney - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionou sobre a visita dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), a Israel, na qual ambos estiveram reunidos, na terça-feira (19), com o presidente israelense Isaac Herzog, em Jerusalém.

    Na ocasião, Caiado pediu “desculpas”, em nome da população brasileira, pelas declarações de Lula em fevereiro, quando o presidente da República comparou a ação militar de Israel contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza ao Holocausto da Alemanha nazista de Adolf Hitler, quando o povo judeu foi perseguido e dizimado. Tarcísio também disse que as falas de Lula não representam a posição “do povo brasileiro”.

    Em nota, o Palácio do Planalto informou que o governo federal “lamenta” o comportamento dos dois governadores. “Lamentamos que governadores, no exterior, distorçam a posição do Brasil sobre o tema, em momento em que o mundo todo se preocupa com os civis palestinos”, diz o comunicado.

    De acordo com a nota, Lula condenou, desde o início, os ataques perpetrados pelo Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, que deflagraram a guerra em Gaza.

    “O presidente condenou os ataques do Hamas repetidas vezes e não fez fala contra o povo judeu e, sim, contra ações do atual governo de Israel, que também foram criticadas por governos do mundo inteiro, inclusive Europa e Estados Unidos”, diz o Planalto.

    No mesmo dia da declaração de Lula, no mês passado, Netanyahu afirmou que o presidente do Brasil havia cruzado “uma linha vermelha” de forma “vergonhosa e grave”. “Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, criticou Netanyahu. Lula se tornou “persona non grata” no país.

    Na quarta-feira (20), durante a festa pelos 44 anos do PT, Lula voltou a classificar a ação militar israelense em Gaza como “genocídio”. “Chega de matar mulheres e crianças! Chega! Aquilo não é guerra, é genocídio. Temos que ter coragem de dizer essas coisas ou não vale a pena nossa passagem pelo planeta Terra”, disse Lula, aplaudido pelos militantes do PT. “Não é possível que estejamos assistindo a essa carnificina. Cadê a ONU, que deveria existir para evitar que essas coisas acontecessem?”, questionou.

    Em celebração pelos 44 anos do PT, Lula voltou a criticar ação militar de Israel, fez apelo ao Hamas pela libertação de reféns e lamentou decisão da Justiça espanhola de tirar Daniel Alves da cadeia

    “Herdeiros” do bolsonarismo - Tanto Tarcísio quanto Caiado são cotados como possíveis candidatos à Presidência da República nas eleições de 2026. Ambos integram o campo conservador e podem se credenciar a herdar o espólio político de Bolsonaro, que também é disputado por nomes como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.

    Os governadores de São Paulo e Goiás prestigiaram Bolsonaro no ato a favor do ex-presidente que reuniu centenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro – apenas Tarcísio discursou.

    Além da possibilidade de disputar o Planalto, Tarcísio pode se candidatar a um eventual segundo mandato como governador de São Paulo em 2026. Apesar de ter garantido sua permanência no Republicanos, ele é cobiçado por partidos como o PL, de Bolsonaro, e o PP.

    Caiado, por sua vez, já foi reeleito em Goiás e deixou clara sua intenção de concorrer à Presidência da República mais uma vez daqui a dois anos. Ele já disputou o Palácio do Planalto em 1989.

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